Uma das meninas sequestradas na Nigéria revelou que as reféns mais jovens sofrem até 15 estupros por dia. Segundo o site nigeriano The Trent, a menor é uma das dezenas de meninas que foram raptadas no dia 14 de abril em uma escola de Chibok, nordeste da Nigéria - ela conseguiu escapar do cativeiro recentemente.
As autoridades suspeitam que o sequestro foi praticado pelo grupo Boko Haram, nome que em língua local significa "a educação não islâmica é pecado". A milícia radical luta para instaurar a lei islâmica (sharia) no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, enquanto o sul do país é predominantemente cristão.
A jovem disse que os sequestradores obrigaram as meninas a se converterem ao islamismo e ameaçavam degolá-las se negassem fazer sexo ou não seguissem suas instruções. Ela ainda afirmou ter sido entregue como esposa a um dos líderes da seita, por ser virgem.
Depois do sequestro, as crianças foram levadas a um campo da milícia fundamentalista na floresta de Sambisa, no norte do país e base espiritual e de operações do grupo - dezenas delas ainda seguem em cativeiro.
Em 2009, a polícia matou o líder do grupo, Mohamed Yusuf. Desde então os radicais mantém uma sangrenta campanha que já deixou mais de três mil mortos.
Repercussão
De acordo com organizações de direitos humanos, as menores foram obrigadas a se casar e, em alguns casos, os sequestradores as venderam como esposas por duas mil nairas cada uma (pouco menos de R$ 30). Entidades como a ONU e personalidades como o prêmio Nobel de Literatura, Wole Soyinka, pediram a libertação das meninas, assim como campanhas pela internet e manifestações em cidades de todo o mundo.
O número de menores sequestradas ainda não foi esclarecido. Em um primeiro contato, a polícia informou que 200 meninas tinham sido raptadas, mas depois o exército diminuiu este número para 129. Já os pais das crianças afirmam que 234 estudantes foram feitas reféns. Além disso, existe confusão sobre o número de meninas libertadas até o momento.
Um grupo de mães das reféns protestou recentemente em frente à Assembleia Nacional da Nigéria para denunciar a falta de informação por parte do governo sobre o caso e exigir mais esforços para o resgate.
Com 170 milhões de habitantes distribuídos em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria, o país mais populoso da África, sofre múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.