O novo primeiro-ministro do Egito, Ibrahim Mahlab, disse nesta terça-feira, 25, que vai procurar erradicar a violência dos militantes, que aumentou desde a derrubada do presidente Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, e espera que a melhora na segurança possa conduzir à recuperação da economia.
Em declarações após sua nomeação por Adly Mansour, o presidente colocado no cargo pelo exército desde a destituição de Mursi em julho, Mahlab disse esperar formar seu governo dentro de três ou quatro dias.
"Nós vamos trabalhar juntos para restabelecer a segurança no Egito e esmagar o terrorismo em todos os cantos do país", afirmou Mahlab, que era o ministro da Habitação. Ele expressou a esperança de recuperação no decisivo setor do turismo.
"A segurança e a estabilidade em todo o país e a supressão do terrorismo vão abrir caminho para investimentos."
A nomeação de Mahlab ocorreu depois da renúncia do governo do primeiro-ministro Hazem el-Beblawi, na segunda-feira.
Atentados e ataques a tiros por parte de grupos militantes islamistas se tornaram lugar-comum no país desde que o Exército depôs Mursi após protestos em massa contra seu governo.
Embora a maioria dos ataques tenham como alvo as forças de segurança, dois turistas sul-coreanos foram mortos em um atentado contra um ônibus turístico em 16 de fevereiro, na Península do Sinai.
Mahlab é um engenheiro civil que dirigiu uma das maiores construtoras do Egito. Ele também era um dirigente do Partido Nacional Democrático, do presidente deposto Hosni Mubarak.
O novo premiê disse que seu governo vai trabalhar para estabelecer um ambiente seguro para a eleição presidencial, para a qual o franco favorito é o chefe do Exército, marechal Abdel Fattah al-Sisi - ministro da Defesa no último gabinete -, embora ele ainda não tenha oficialmente anunciado sua candidatura.
A escolha do ministro da Defesa no novo governo pode ser um indicador de quando Sisi vai anunciar sua decisão de concorrer à Presidência: ele terá de deixar o cargo para poder disputar a eleição que poderá ser realizada já em abril.
Mas Mahlab não deu nenhum sinal sobre quem será o novo ministro da Defesa, dizendo apenas que a decisão caberá ao presidente Mansour.
Reformas
Durante o governo do ex-primeiro-ministro Beblawi, o Estado reprimiu com dureza a Irmandade Muçulmana, de Mursi, e grupos de defesa dos direitos humanos criticaram outras iniciativas para coibir dissidentes, incluindo uma lei que impôs duras penalidades a pessoas que protestarem ilegalmente.
O governo de Beblawi recebeu bilhões de dólares em ajuda de Estados do Golfo hostis à Irmandade, mas foi criticado por não ter adotado rápidas medidas para reformar uma economia sobrecarregada pela elevada carga de subsídios estatais.
Além de ter sido presidente e CEO da Companhia de Empreiteiros Árabes, Mahlab, que é casado e fala inglês e francês, também trabalhou na Arábia Saudita, de acordo com um currículo distribuído pelo Ministério da Habitação.