O Exército de Burkina Faso entrou em acordo neste sábado e o coronel Yacouba Isaac Zida, "número dois" da guarda presidencial, vai liderar a transição do país rumo à democracia após a renúncia do ex-presidente Blaise Compaoré na sexta-feira.
O próprio Zida anunciou ontem à noite que assumiria a presidência da transição, horas depois de outro militar, o chefe do Estado-Maior, Honoré Nabere Traoré, também se autoproclamar líder de Burkina Faso.
Traoré e Zida se reuniram desde o início da manhã de hoje para esclarecer o que, segundo comunicado assinado pelo chefe do Estado-Maior, foi uma "confusão".
Enquanto isso, Compaoré afirmou, em sua conta oficial no Twitter, que aceitou ser o "bode expiatório" que o povo de Burkina Faso precisa para permanecer unido.
"Aceito, se é preciso, ser o bode expiatório da união nacional", disse Compaoré na Costa do Marfim, onde está refugiado desde ontem.
O ex-presidente afirmou ter perdoado quem o traiu e disse aceitar todas as "humilhações" que os burquinenses acharem que ele merece, desde que sempre "permaneçam unidos".
"Aceitei renunciar à presidência de Burkina Fasso, deixar o poder frente à tragédia que atingia meu país. Rejeitei fazer correr o sangue dos filhos e filhas de Burkina Faso", declarou.
Campaoré pediu que a comunidade internacional, em especial os Estados Unidos e a França, garantam a integridade e a paz no país.
Pressionado por uma série de protestos violentos nas ruas do país, o ex-presidente renunciou na sexta-feira após 27 anos no poder, conquistado através do golpe de Estado.