Em meio ao pior surto de ebola da história, que já matou mais de 800 pessoas na África, cerca de 50 chefes de estado de países africanos são aguardados em Washington a partir desta segunda-feira para a maior cúpula já realizada entre líderes do continente e os Estados Unidos.
O objetivo do evento, que irá durar três dias, é discutir e fomentar acordos comerciais e novas oportunidades de negócios.
Segundo o secretário de Comércio americano Penny Pritzker, até quarta-feira, serão anunciados acordos comerciais da ordem de US$ 900 milhões (R$ 2,1 bilhões).
No entanto, apesar de a prevalência de temas econômicos, a epidemia do vírus ebola, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já matou 887 pessoas, ofuscou a agenda de debates.
Segundo organizadores, antes mesmo de começar, a cúpula já registrou três baixas por causa do surto da doença: os presidentes da Libéria, Guiné e Serra Leoa cancelaram a ida aos Estados Unidos.
Já os representantes de outros países que foram a Washington tiveram de se submeter a testes para averiguar se possuíam o vírus.
O ebola se assemelha a uma forte febre hemorrágica. Não há cura para a doença, que tem índice de mortalidade de cerca de 90%.
Até agora, foram confirmados dois casos de americanos contaminados com a doença, um médico e uma missionário. Os dois foram trazidos aos Estados Unidos para serem tratados.
Cúpula
A cúpula EUA-África ocorre após uma promessa do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, feita no ano passado, quando o líder americano visitou três países africanos: Senegal, Tanzânia e África do Sul.
Na ocasião, Obama afirmou que convocaria uma cúpula para discutir novas oportunidades de negócios entre os Estados Unidos e o continente, cujo maior parceiro comercial é hoje a China.
O comércio entre a China e a África soma 200 bilhões (R$ 450 bilhões), mais do que o dobro dos Estados Unidos.
Em 2001, o país asiático convocou uma cúpula com os países africanos. A tendência foi seguida por Japão, Índia e Europa, todos interessados no amplo mercado consumidor do continente.
O encontro também ocorre pouco depois de Gana ter dito que pedirá socorro financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a fortalecer sua moeda, que sofreu uma das piores desvalorizações nesse ano.