O Comitê de Ética da Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nesta terça-feira o uso de tratamentos experimentais nas vítimas do atual surto de ebola na África Ocidental, embora sua eficácia ainda não tenha sido comprovada.
"Nas circunstâncias particulares deste surto e se forem cumpridas certas condições, o comitê definiu que é ético oferecer intervenções cuja eficácia não está comprovada e com efeitos secundários ainda desconhecidos como potencial tratamento ou prevenção", segundo declaração divulgada pela OMS.
A epidemia de ebola, que afeta a região da África Ocidental, já fez mais de mil mortos, em 1.848 casos suspeitos, de acordo com o último balanço da Organização Mundial da Saúde, atualizado na noite dessa segunda-feira (11).
Foram registrados 11 novos casos e seis mortos na Guiné-Conacri, 45 novos casos e 29 mortos na Libéria, e 13 novos casos e 17 óbitos em Serra Leoa. Não foram notificados novos casos ou mortes na Nigéria.
O vírus ebola é transmitido por contato direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. Não há vacina conhecida para a doença.
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos haviam autorizado o envio de uma droga experimental contra o ebola para o tratamento de dois médicos na Libéria infectados com o vírus, informaram fontes do governo liberiano. “A droga experimental deverá ser trazida para o país por um representante do governo americano no final desta semana”, diz o site da presidência da Libéria.
Com a aprovação pela Casa Branca e pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), os médicos liberianos devem se tornar os primeiros africanos a receberem doses do Zmapp, um soro desenvolvido pela empresa californiana Mapp Biopharmaceutical.
Os dois americanos que já receberam doses do remédio continuam em tratamento num hospital de Atlanta, nos EUA. Já o padre espanhol Miguel Pajares, que havia recebido autorização para usar o Zmapp neste domingo, morreu nesta terça-feira em Madrid. O missionário de 75 anos – o primeiro europeu infectado pelo vírus – havia sido transferido da Libéria para a Espanha na semana passada.
Fontes do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês) afirmaram que autoridades americanas apenas colocaram o governo liberiano em contato com a fabricante do remédio. “Como a droga foi enviada para uso fora dos EUA, foi necessário seguir os procedimentos apropriados de exportação”, disse um representante da HHS.
Nesta segunda-feira, a Mapp Biopharmaceutical declarou que o estoque de ZMapp foi esgotado depois do envio da droga para um país da África Ocidental. Mas de acordo com o ministro da Informação, Lewis Brown, a Libéria receberá apenas o necessário para o tratamento dos dois médicos infectados.
Mais de mil pessoas já morreram desde o início do pior surto de ebola da história, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela OMS, que já trata a epidemia como um caso de emergência internacional de saúde pública.
Com informações da EFE, Reuters e Deutsche Welle.