Crimes contra a Humanidade foram, muito provavelmente, cometidos no Sudão do Sul, que vive desde meados de dezembro um conflito intercomunitário sangrento marcado por massacres e atrocidades, indicou nesta quinta-feira a missão da ONU no país (Minuss).
"Tendo em vista os ataques generalizados e sistemáticos contra civis e informações que sugerem coordenação e planejamento, existem motivos razoáveis para crer que crimes contra a Humanidade ocorreram" no Sudão do Sul, escreveu a Minuss em um relatório.
Segundo a ONU, "os dois lados" são culpados "desde o início do conflito" de "violações graves dos direitos Humanos e violações do direito internacional em grande escala", incluindo "execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, estupros e outras formas de violência sexual, prisões e detenções arbitrárias".
A ONU também identificou "ataques contra civis sem envolvimento nas hostilidades, violência destinada a espalhar o terror entre a população civil e ataques contra hospitais ou contra a missão de manutenção da paz".
"Os civis não só foram envolvidos pela violência, mas foram, deliberadamente, alvejados por motivos étnicos", indicou a Minuss, acrescentando que "todas as partes envolvidas no conflito cometeram estupros e violência sexual contra mulheres de diferentes grupos étnicos".
A rivalidade política entre o chefe do regime MM. Kiir e seu ex-vice-presidente Machar, na origem do conflito, serviu para externar velhos rancores entre dinka e nuer, as duas principais comunidades do país, e os combates são acompanhados por numerosas atrocidades e massacres contra ambas as etnias.
Este relatório da Minuss é publicado na véspera de uma reunião agendada entre Kiir e Machar em Adis Abeba, destinada a fazer avançar as negociações de paz que patinam na capital etíope e encontrar uma solução política duradoura para o conflito.
Estas negociações serviram apenas para um cessar-fogo, que não foi aplicado. "Apesar da assinatura de um cessar-fogo em 23 de janeiro, os combates continuam com pouca esperança de que os civis conheçam uma trégua da violência implacável", estima a Minuss.