O pior surto de ebola de da história pode ter começado com uma criança de dois anos, habitante de uma aldeia da Guiné, informou a rede de TV americana CNN.
Há oito meses, a criança que os pesquisadores acreditam ser o 'paciente zero' apresentou febre, fezes escuras e vômito. Em 6 de dezembro de 2013, apenas quatro dias após manifestar os sintomas, ela morreu, de acordo com um relatório publicado no The New England Journal of Medicine. Os cientistas ainda não sabem ao certo como o paciente contraiu o vírus.
O ebola é transmitido de animais para humanos através de fluidos - como sangue, saliva, urina e outras secreções - ou tecidos infectados, segundo a Organização Mundial da Saúde. "Na África, a infecção tem sido registrada através do contato com chimpanzés, gorilas, morcegos que se alimentam de frutas, macacos, antílopes e porcos-espinho", relatou a OMS, cujos pesquisadores acreditam que os morcegos sejam os "hóspedes naturais" do vírus.
Os mesmos cientistas que publicaram a descoberta da criança que pode ser o 'paciente zero' revelaram também que o ebola foi transmitido em cadeia dentro da família.
Após a morte da criança, a mãe apresentou sangramento e morreu em 13 de dezembro. No dia 29 do mesmo mês, a irmã de três anos passou a manifestar febre, vômito e diarreia. A doença afetou também a avó da criança, que morreu em 1º de janeiro, na aldeia de Meliandou em Guéckédou. A região no sudeste da Guiné fica muito perto das fronteiras com Serra Leoa e Libéria.
O ebola se espalhou para outras regiões após dezenas de pessoas terem participado do funeral da avó da criança.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
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A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF
Duas das pessoas que participaram da cerimônia fúnebre teriam levado o vírus para suas respectivas aldeias, e ele teria, daí em diante, se espalhado entre funcionários da saúde e outras famílias que cuidaram de pacientes infectados.
Um agente de saúde de Guéckédou com suspeita de ter contraído a doença teria dado início ao surto do vírus em Macenta, Nzérékoré, e Kissidougou em fevereiro deste ano.
Casos do ebola eclodiram no início deste ano nas áreas mencionadas. Os primeiros pacientes apresentaram febre, vômito, diarreia severa e, em alguns casos, hemorragia.
No início de março, o Ministério da Saúde da Guiné e a organização Médicos Sem Fronteiras foram notificados sobre os casos da doença. Investigadores da área da saúde chegaram ao país no mesmo mês para começar a rastrear a doença ao examinar arquivos hospitalares e conduzir entrevistas com famílias afetadas.
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Desde então, o vírus se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria, causando preocupação mundial.
O relatório sobre o ebola na Guiné foi feito por médicos internacionais e pesquisadores de instituições da França, Alemanha, Guiné, da Organização Mundial da Saúde e do Médicos Sem Fronteiras.