Quem é o Al-Shabab, grupo que reivindicou ataque no Quênia

21 set 2013 - 20h10
(atualizado às 22h07)
Imagens revelam terror em shopping atacado por atiradores no Quênia
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O grupo militante islâmico Al-Shabab, da Somália, assumiu a responsabilidade pelo ataque que deixou dezenas de mortos neste sábado em um shopping center de Nairóbi, no Quênia.

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O Al-Shabab, que tem ligações com a rede Al Qaeda, vem promovendo ataques contra o Quênia desde 2011, quando tropas quenianas entraram no sul da Somália para combater os militantes do grupo.

O Al-Shabab chegou a controlar boa parte da Somália, mas foi expulso das principais cidades que dominava no sul e no centro do país. Ainda assim, o grupo permanece como uma ameaça em potencial.

Saiba mais sobre o grupo com as perguntas e respostas abaixo, preparadas pela BBC:

Quem é o Al-Shabab?

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Al-Shabab significa 'A Juventude' em árabe. O grupo apareceu como uma ala radical da hoje finada União das Cortes Islâmica da Somália em 2006, enquanto o grupo combatia as forças etíopes que entraram na Somália para apoiar o fraco governo interino.

Há vários relatos sobre a presença de jihadistas estrangeiros na Somália para ajudar o Al-Shabab.

O grupo impôs uma versão estrita da sharia (lei islâmica) nas áreas sob seu controle, incluindo o apedrejamento até a morte das mulheres acusadas de adultério e o amputamento das mãos de acusados de roubo.

Quanto da Somália o Al-Shabab controla?

Apesar de ter perdido o controle das cidades e povoados, o grupo ainda tem influência sobre muitas áreas rurais da Somália.

O Al-Shabab foi expulso da capital do país, Mogadíscio, em agosto de 2011, e perdeu o controle do vital porto de Kismayo em setembro do ano passado.

Kismayo era uma peça importante para os militantes, permitindo que suprimentos chegassem a áreas sob seu controle e provendo recursos para suas operações.

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A União Africana (UA), que apoia as forças do governo, comemorou a retomada do controle de ambas as cidades como grandes vitórias, mas o Al-Shabab ainda vem promovendo ataques suicidas relativamente frequentes em Mogadíscio e em outros lugares.

Analistas acreditam que o Al-Shabab está se concentrando cada vez mais em táticas de guerrilha para conter o poder de fogo das forças da UA.

Mas o grupo está sob pressão de várias frentes, incluindo a incursão das forças do Quênia na Somália em 2011. O Quênia acusou os militantes do Al-Shabab de sequestrar turistas. As forças quenianas, agora sob o comando da UA, esteve à frente dos esforços para expulsar o grupo no sul do país, até Kismayo.

Enquanto isso, as forças da Etiópia entraram pelo oeste e tomaram controle das cidades centrais de Beledweyne e Baidoa.

Quem é o líder do Al-Shabab?

Ahmed Abdi Godane é o chefe do grupo. Conhecido como Mukhtar Abu Zubair, ele é originário da região separatista da Somalilândia, ao norte do país.

Há relatos - fortemente negados pelo Al-Shabab - de que sua liderança está sendo cada vez mais contestada pelos originários do sul do país, que formam o grosso dos combatentes do grupo, estimados entre 7.000 e 9.000.

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Godane raramente é visto em público. Seu antecessor, Moalim Aden Hashi Ayro, foi morto em um ataque aéreo americano em 2008.

Quais são as ligações internacionais do Al-Shabab?

O Al-Shabab se aliou à Al Qaeda em fevereiro de 2012. Em um comunicado conjunto em vídeo, o líder do Al-Shabab, Ahmed Abdi Godane, disse que "prometia obediência" ao líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri.

Os dois grupos vêm trabalhando juntos há tempos, e estrangeiros estariam lutando ao lado dos militantes somalis.

No ano passado, líderes do Al-Shabab acompanharam um homem identificado como o cidadão americano Abu Abdulla Almuhajr, que se dizia da Al Qaeda, enquanto ele distribuía ajuda a vítimas da fome no território controlado pelos militantes islâmicos.

Autoridades americanas acreditam que com a Al Qaeda em retirada do Afeganistão e do Paquistão após a morte de Osama bin Laden, seus combatentes estão cada vez mais buscando refúgio na Somália.

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O Al-Shabab já havia promovido ataques fora da Somália?

O grupo foi responsável por um ataque suicida duplo na capital de Uganda, Kampala, que matou 76 pessoas que assistiam pela televisão à final da Copa do Mundo de futebol, em 2010.

O ataque aconteceu porque Uganda - junto com o Burundi - forneceu grande parte das tropas da UA na Somália antes de o Quênia entrar no conflito.

Analistas dizem que os militantes entram com frequência no Quênia e deixam o país sem serem interceptados. Seus militantes até mesmo visitariam a capital, Nairóbi, para tratamentos médicos.

O ataque duplo em 2002 contra alvos israelenses próximo ao balneário de Mombasa, no Quênia, foi supostamente planejado na Somália por uma célula da Al Qaeda.

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Os Estados Unidos também acreditam que alguns dos integrantes da Al Qaeda que planejaram os ataques contra as embaixadas americanas em Nairóbi e em Dar es Salaam, em 1998, depois fugiram para a Somália.

Quem são os apoiadores do Al-Shabab?

A Eritreia é o único aliado regional, mas nega prover armas para o Al-Shabab.

A Eritréea apóia o Al-Shabab para conter a influência da Etiópia, seu maior inimigo.

Com o apoio dos Estados Unidos, a Etiópia enviou tropas para a Somália em 2006 para combater os islamistas. As forças etíopes se retiraram em 2009 após sofrer fortes baixas.

Após intervir novamente em 2011, a Etiópia diz que entregará os territórios que conquistou à UA.

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O que faz o governo da Somália?

O presidente é o ativista e ex-acadêmico Hassan Sheikh Mohamud. Ele foi eleito em 2012 por um recém-escolhido Parlamento somali, seguindo um processo de paz promovido pela ONU.

Ele derrotou o ex-presidente Sheikh Sharif Sheikh Ahmed - um ex-combatente rebelde islâmico, cujos três anos no poder foram criticados pelo suposto descontrole sobre a corrupção.

O Al-Shabab denunciou o processo de paz como um plano estrangeiro para controlar a Somália.

A Somália é considerada um "Estado falido". O país não tem um governo nacional efetivo há duas décadas. Nesse período, a maior parte do país tem sido uma zona de guerra constante.

A situação tornou fácil para o Al-Shabab, quando o grupo apareceu, ganhar apoio entre os somalis. O grupo prometia segurança à população, algo altamente desejado.

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Mas sua credibilidade foi atingida quando rejeitou a ajuda alimentar ocidental para combater a fome causada pela seca em 2011.

O Al-Shabab defende a versão wahabista do Islã, inspirada pela Arábia Saudita, enquanto a maioria dos somalis segue a linha do sufismo. O Al-Shabab destruiu um grande número de santuários sufistas, provocando uma queda ainda maior em sua popularidade.

Entretanto, com a capital, Mogadíscio, e outras cidades grandes agora sob controle do governo, há um novo sentimento de esperança no país, e muitos somalis retornaram do exílio, trazendo consigo dinheiro e novas habilidades.

Com serviços antes inexistentes como coleta de lixo e iluminação urbana reaparecendo, a Somália pode finalmente estar reemergindo das cinzas das últimas duas décadas.

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