Os vídeos do circuito fechado de segurança do centro comercial Westgate, no Quênia, divulgados nesta quinta-feira por um jornal local, revelaram que vários soldados do Exército saquearam lojas do shopping, durante o ataque que começou no último dia 21 dos radicais islâmicos da milícia Al-Shabab. O jornal local Star divulgou as imagens que confirmam os maciços saques denunciados nos últimos dias pelos empresários com lojas em Westgate.
"As imagens mostram que o saque começou depois que o Exército tomou o controle da operação em Westgate, no sábado (21 de setembro) à noite", poucas horas depois da entrada dos fundamentalistas islâmicos somalis no shopping, denunciou o jornal. "É possível ver três soldados saindo do supermercado Nakumatt com sacolas de plástico cheias de dinheiro" enquanto os serviços de emergência retiravam mortos e feridos, e ainda havia um número indeterminado de reféns.
Segundo a fonte, nenhum dos soldados cobriu o rosto ou o escondeu com bonés ou capacetes, e seus rostos são perfeitamente visíveis. Outro militar aparece "saindo do supermercado e caminhando para o estacionamento com duas grandes sacolas de plástico (cheias)" para voltar a cena dez minutos depois, e entrar de novo nas lojas.
Entre 19h08 e 22h30 da noite do início do ataque, quando não há disparos registrados no centro comercial, as fitas de vigilância mostram vários soldados caminhando e conversando, "e não parecem estar escondendo-se de nenhum perigo", afirma o jornal queniano. "Quase todas as lojas foram saqueadas, menos a sapataria Bata", que acrescenta que vídeos gravados por testemunhas mostram garrafas vazias na cafeteria Artcaffè "após uma diversão".
As fitas, que também mostram cenas dos atacantes, estão sendo revisadas pela Polícia, aponta Star. Nelas é possível ver quatro terroristas entrarem no centro comercial às 13h03 (local, 22h03 em Brasília). Dois dos terroristas dispararam contra os guardas de segurança (que não andam armados), e pode se ver os outros dois que entram disparando do estacionamento.
Fontes policiais citadas disem que a investigação tenta reconstruir a cronologia dos acontecimentos a partir dessas fitas.
O que ainda se desconhece - e há várias versões contraditórias ao respeito - é como desabou o estacionamento superior do Westgate, já que o Exército do Quênia cortou a energia elétrica e as câmeras deixaram de funcionar.
O ataque, que durou do dia 21 ao 24 de setembro, deixou pelo menos 74 mortos, e a Cruz Vermelha contabiliza ainda uma lista de 39 pessoas desaparecidas.