Quênia vive luto enquanto autoridades buscam por corpos em shopping

25 set 2013 - 15h07
(atualizado às 16h05)
Mulher se desespera ao descobrir que filho está entre as vítimas do ataque ao shopping
Mulher se desespera ao descobrir que filho está entre as vítimas do ataque ao shopping
Foto: EFE

O Quênia vive a partir desta quarta-feira o luto nacional de três dias após o ataque ao shopping de luxo Westgate de Nairóbi por um grupo islamita. Ao menos 67 morreram, mas os serviços de resgate ainda buscam corpos que podem estar sob os escombros. Vários países, incluindo o Reino Unido, Estados Unidos, Israel, Alemanha e Canadá participam das investigações.

Durante o cerco, Israel, Estados Unidos e Reino Unido apoiaram as forças quenianas sem intervir diretamente. Pelo menos 61 civis, seis membros das forças de segurança quenianas, além de mais cinco terroristas morreram no ataque iniciado sábado e que terminou na terça-feira à noite. 

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Terror no Quênia

Al-Shabab, o grupo que atacou shopping em Nairóbi

O registro de mortos deve aumentar. Ao menos 71 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo a Cruz Vermelha. Além disso, pode haver outros estrangeiros que tiveram seus desaparecimentos registrados nas embaixadas de seus países. Os radicais islâmicos shebab da Somália, ligados à Al-Qaeda, anunciaram no Twitter que 137 reféns tinham morrido na ação.

O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, e seu governo "devem ser considerados responsáveis pela perda das vidas de 137 reféns nas mãos dos mujahedines", afirma a mensagem dos islamitas. Eles também acusaram as forças quenianas de terem utilizado "gás químico" para acabar com o ataque e de terem "provocado o desabamento do edifício, para enterrar as provas e todos os reféns sob os escombros".

Um soldado que havia entrado no shopping terça-feira, nas primeiras horas dos confrontos, contou ter visto "sangue por todos os lados". "Os corpos estavam queimados e alguns, em decomposição", afirmou. As identidades dos membros do grupo islamita - de 10 a 15 pessoas segundo Nairóbi - e o que aconteceu a eles, continuam a ser grandes pontos de interrogação.

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Logo após o início da crise, houve rumores sobre o envolvimento de combatentes estrangeiros, incluindo americanos e britânicos. Segundo as autoridades quenianas, onze suspeitos do ataque foram detidos, incluindo um britânico. "Podemos confirmar a detenção de um cidadão britânico em Nairóbi", confirmou uma porta-voz do Foreign Office (Ministério das Relações Exteriores), antes de informar que existem conversas "para oferecer assistência consular de rotina".

A porta-voz não informou se o detido é homem ou mulher. Fontes da diplomacia queniana afirmaram na terça-feira que havia uma cidadã britânica entre os terroristas, levando a entender que seria Samantha Lewthwaite, 29 anos, filha de um militar britânico e viúva de um dos autores dos atentados de Londres em 2005. Conhecida como "a viúva branca", essa muçulmana convertida era casada com Germaine Lindsay, um dos quatro homens-bomba que atacaram a rede de transportes públicos de Londres em julho de 2005, em uma ação que matou 52 pessoas.

Na terça-feira, em um discurso na TV para anunciar o fim de um cerco de quase 80 horas, Kenyatta advertiu que o número de vítimas aumentaria, já que o teto do Westgate havia desabado parcialmente. O presidente decretou três dias de luto e prometeu perseguir os criminosos. "Ainda há corpos entre os escombros", disse.

Na manhã desta quarta-feira, as esquipes de resgate trabalhavam nas imediações do centro comercial destruído por tiros, explosões e incêndios. Especialistas em explosivos auxiliados por robôs teleguiados inspecionavam o local para verificar se os islamistas não deixaram bombas na área. Cães farejadores auxiliavam nas buscas por bombas e corpos de de desaparecidos.

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Desde que o Quênia lançou uma operação militar na Somália no final de 2011, o país recebeu várias ameaças de insurgentes. O Quênia também foi alvo de uma série de ataques, mas em escala muito menor e que nunca foram reivindicados diretamente pelos shebab.

Antes do ataque ao Westgate, os quenianos, ajudados há vários meses por muitas agências de segurança estrangeiras, inclusive o FBI, conseguiram frustrar várias tentativas de ataques. Segundo autoridades americanas citadas pelo jornal The New York Times, o grupo islamita que atacou o centro comercial agiu de acordo com um plano detalhado, escondendo armas no local com antecedência.

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