O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, no poder havia 37 anos, renunciou ao cargo nesta terça-feira (21), com efeito imediato. Segundo o chefe do Parlamento do país africano, Jacob Mudenda, o mandatário de 93 anos enviou uma carta de demissão que encerra uma semana de impasse político e o governo mais longevo da atualidade.
A notícia da renúncia foi recebida com festa na capital do Zimbábue, Harare, e chega no mesmo dia em que o Parlamento havia iniciado e procedimento para o impeachment de Mugabe, medida que era apoiada pelo seu próprio partido, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF).
Acusado de ser muito velho para governar e de tentar passar o poder para sua esposa, a agora ex-primeira-dama Grace Mugabe, o líder nonagenário estava sob custódia das Forças Armadas desde o dia 15 de novembro, quando os militares assumiram o controle do país.
De acordo com o Exército, a manobra tinha como objetivo "afastar e prender criminosos" dentro do governo, em meio a um expurgo promovido por Mugabe contra mais de 100 funcionários públicos de alto escalão acusados de apoiarem o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que havia sido destituído pelo mandatário.
Acredita-se que o próprio Mnangagwa esteja por trás da ação das Forças Armadas, em meio a uma disputa por poder com Grace Mugabe - ele deve se tornar o novo presidente do Zimbábue, já que conta com amplo apoio dentro do Zanu-PF.
"Mugabe sempre disse que deixaria o cargo se o povo pedisse. Agora que o povo falou, ele deve aceitar sua vontade e renunciar", dissera Mnangagwa antes do anúncio da carta de demissão.
Mugabe governava o Zimbábue desde sua independência do Reino Unido, primeiro como premier (1980-1987) e depois como presidente (1987-2017), tornando-se o mandatário mais longevo do planeta.
Originário de família humilde, o professor Mugabe chegou ao poder com o status de libertador, mas logo criou a imagem de um ditador cruel que seria acusado inúmeras vezes de violações dos direitos humanos.