O sequestro de mais de 200 estudantes nigerianas pelo grupo Boko Haram entrou nesta quarta-feira em seu segundo mês, enquanto as potências internacionais intensificam seus esforços localizar as jovens.
Legisladores nigerianos começaram a debater um pedido do presidente Goodluck Jonathan para uma prorrogação de seis meses do estado de exceção imposto há exatamente um ano em três estados do nordeste, os mais afetados pela violência.
Das 276 meninas sequestradas no dia 14 de abril em uma escola na cidade de Chibok, no estado de Borno, 223 ainda estão desaparecidas. Protestos nas ruas marcaram o aniversário de um mês do sequestro.
Em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou ao Parlamento que um avião de vigilância Sentinel e uma equipe militar serão enviados para Abuja, como parte da operação de resgate internacional.
Em Paris, o gabinete do presidente François Hollande informou que os líderes de Benin, Camarões, Níger e Chade se reunirão com o presidente da Nigéria na capital francesa no sábado para discutir temas relacionados a segurança.
Representantes da União Europeia, do Reino Unido e dos Estados Unidos também participarão do encontro, informou o Eliseu.
Publicidade
"O encontro vai discutir... como isolar o (Boko Haram) através da inteligência, como treinar homens para combater os assassinos", acrescentou o chanceler Laurent Fabius.
"A França não está tomando a posição de ninguém, mas o nosso papel é ajudar os africanos a garantir a segurança, porque não pode haver qualquer solução sem democracia, desenvolvimento e segurança", completou.
Na segunda-feira, o Boko Haram divulgou um vídeo no qual estariam 130 meninas desaparecidas e alegando que elas haviam se convertido ao Islã. Todas foram identificadas depois como estudantes da escola atacada em Chibok.
O líder do grupo radical, Abubakar Shekau, sugeriu que elas poderiam ser soltas através de uma troca de prisioneiros.
Mas essa proposta foi rejeitada pelo presidente nigeriano, segundo declarações do ministro britânico para a África, Mark Simmonds.
Publicidade
Simmonds, em viagem à Nigéria para discutir a ajuda de resgate internacional, disse ter abordado o assunto com o presidente Jonathan durante um encontro em Abuja.
"Discuti isso com o presidente e ele deixou muito claro que não haverá negociação com o Boko Haram que envolva a troca das estudantes sequestradas por prisioneiros", declarou.
O ministro nigeriano de Assuntos Especiais, Taminu Turaki, havia declarado mais cedo que o governo sempre esteve disposto a conversar com os insurgentes.
No entanto, o prêmio Nobel de Literatura nigeriano Wole Soyinka duvidou que qualquer negociação avance, sugerindo que o líder do Boko Haram é incapaz de dialogar.
Publicidade
O vencedor do prêmio em 1986 declarou à AFP por telefone de Los Angeles que Shekau é "intoxicado por religião e drogas".
"Para mim, estamos lidando com uma espécie sub-humana", disse. "Como você dialoga com esse tipo de obscenidade?", se perguntou.
Jonathan e seu governo têm sido muito criticados por sua resposta lenta ao sequestro.
Mas eles foram obrigados a reagir diante de uma campanha midiática crescente que ganhou amplo apoio em todo o mundo e aumentou a pressão internacional.
Equipes de especialistas de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Israel foram enviadas para ajudar nas operações de busca, que, segundo o Exército da Nigéria, estão concentradas na região da floresta de Sambisa, no estado de Borno.
No entanto, há o temor de que as meninas tenham sido divididas em grupos e levadas aos vizinhos Chade e Camarões, utilizados pelo Boko Haram como bases para lançar ataques e se refugiar no passado.
Publicidade
Senadores nigerianos convocaram os ministros da Defesa e de Assuntos Policiais, assim como os chefes militares e de segurança, para informá-los sobre o pedido de prorrogação do estado de exceção na quinta-feira, enquanto o assunto é discutido na Câmara dos Deputados.
Por lei, o pedido deve ser aprovado por dois terços de ambas as câmaras.
"É tradição do Senado avaliar o desempenho do estado de emergência antes de debater" qualquer nova prorrogação, declarou o líder da maioria no Senado, Victor Ndoma-Egba.
Em vigor há um ano, este estado de exceção não impediu que a insurreição dos radicais islâmicos intensificasse seus ataques e fizesse este sequestro sem precedentes.
1 de 28
A ex-ministra da Educação da Nigéria e a vice- presidente da divisão da África do Banco Mundial participam de marcha organizada pelas mães das adolescentes sequestradas, em Abuja, em 30 de abril
Foto: AFP
2 de 28
Homem pede a libertação das estudantes sequestradass pelo Boko Haram, em Lagos, em 1º de maio
Foto: AFP
3 de 28
Sul-africanos protestam contra o rapto de centenas de estudantes na Nigéria pelo grupo extremista islâmico Boko Haram, durante uma marcha ao Consulado da Nigéria em Joanesburgo, na África do Sul, em 8 de maio
Foto: AP
4 de 28
Mulher participa de protesto exigindo a libertação das adolescentes sequestradas na aldeia de Chibok, em 14 de abril. No cartaz é possível ler a mensagem: "Já chega. Os sequestros precisam parar"
Foto: Reuters
5 de 28
Pessoas participam de protesto exigindo a libertação de meninas sequestradas na aldeia de Chibok, em Lagos, em 5 maio
Foto: Reuters
6 de 28
Manifestantes marcham em apoio às meninas sequestradas por membros do Boko Haram em frente à Embaixada da Nigéria, em Washington, em 6 de maio
Foto: Reuters
7 de 28
Ativista segura um cartaz com a frase: "E se isso acontecesse nos Estados Unidos?" durante uma manifestação em frente à embaixada da Nigéria em Washington, EUA, em 6 de maio
Foto: AFP
8 de 28
Foto mostra quatro alunas da escola secundária de Chibok que conseguiram fugir do grupo Boko Haram
Foto: AP
9 de 28
Vídeo mostra o líder do grupo extremista islâmico Boko Haram Abubakar Shekau. Ele ameaçou vender as centenas de estudantes sequestradas no norte da Nigéria por cerca de R$ 26 cada
Foto: AFP
10 de 28
Mulheres e crianças que sobreviveram a ataques do Boko Haram se abrigam em uma Igreja Católica em Wada Chakawa, na Nigéria, em 31 de janeiro de 2013
Foto: AP
11 de 28
Armas, munições e equipamentos do grupo Boko Haram apreendidos pela polícia são colocados em exposição em um quartel da Nigéria, em 1º de março de 2012
Foto: AP
12 de 28
Boko Haram exibe cadáveres de vítimas na cidade de Damaturu, na Nigéria, após uma série de ataques que deixaram ao menos 69 mortos, em novembro de 2011
Foto: AP
13 de 28
Menina muçulmana passa por uma casa queimada após ataque dos extremistas islâmicos do Boko Haram em Maiduguri, em 28 de janeiro
Foto: AP
14 de 28
Nigerianos se reúnem em torno de um carro queimado fora da Igreja Batista da Vitória em Maiduguri, em 25 de dezembro de 2010. Membros do grupo Boko Haram atacaram a igreja na véspera de Natal, matando o pastor, dois membros do coro e duas pessoas que passavam pelo local
Foto: AP
15 de 28
A ativista paquistanesa Malala segura um cartaz com a mensagem: "Tragam de volta as nossas meninas". Hashtag foi usada quase duas milhões de vezes durante 1 mês após o sequestro
Foto: Facebook
16 de 28
A primeira-dama americana Michelle Obama se manifestou na campanha "Bring back our girls". "Tal como milhões de pessoas em todo o planeta, meu marido (Barack Obama) e eu estamos indignados e arrasados em razão do sequestro de duzentas meninas nigerianas, retiradas de seus aposentos escolares, no meio da noite", afirmou a primeira-dama americana
Foto: Twitter
17 de 28
Mulheres francesas levantam cartazes onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
18 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy e Valerie Trierweiler se uniram a políticas e artistas durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, para pedir ajuda política do governo francês pela busca das meninas sequestradas na Nigéria no mês passado
Foto: AP
19 de 28
A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
20 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas em Paris pedem ajuda do governo na busca das jovens sequestradas na Nigéria
Foto: AP
21 de 28
As ex-primeiras-damas francesas Carla Bruni-Sarkozy (esquerda) e Valerie Trierweiler (direita) acompanhadas de políticas e artistas de seguram uma bandeira onde se lê: "Líderes, tragam de volta as nossas meninas", durante uma manifestação perto da Torre Eiffel, em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. As mulheres se reuniram para pedir os líderes do governo na ajuda da busca das mais de 200 estudantes que foram sequestradas por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em abril
Foto: AP
22 de 28
A ex-primeira-dama francesa Valerie Trierweiler segura um cartaz onde se lê: "Traga de volta as nossas meninas", durante manifestação em Paris, na terça-feira, 13 de maio
Foto: AP
23 de 28
A ex-primeira-dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy (centro), entre as políticas Nathalie Kosciusko-Morizet e Valerie Pécresse, durante a manifestação "Bring Back our girls", em Paris, nesta terça-feira, 13 de maio. Mulheres francesas se reuniram para pedir aos líderes do governo francês ajuda na busca das mais de 200 estudantes que foram sequestrados por militantes do Boko Haram em uma escola secundária em Chibok, nordeste da Nigéria em 14 de abril
Foto: AP
24 de 28
A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes em Cannes neste sábado
Foto: Reuters
25 de 28
A atriz Julie Gayet (direita) e a diretora Lisa Azuelos seguram um cartaz onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas" no tapete vermelho no 67 º Festival de Cannes neste sábado; as meninas foram sequestradas no dia 14 de abril em uma escola da Nigéria pelo grupo Boko Haram
Foto: Reuters
26 de 28
Celebridades posam ao lado da atriz Selma Hayek Pinault para a exibição de Saint-Laurent no 67º Festival Internacional de Cinema de Cannes, no sul da França, neste sábado, 17 de maio
Foto: AP
27 de 28
A atriz e produtora Salma Hayek segura um cartaz no Festival de Cannes onde se lê "Tragam de volta as nossas meninas"; ela posa no tapete vermelho do evento neste sábado
Foto: Reuters
28 de 28
A atriz Salma Hayek, centro, segura um cartaz com o pedido "tragam de volta as nossas meninas", uma campanha que tem sido realizada por diversas celebridades ao redor do mundo, em que pedem a libertação de cerca de 300 estudantes nigerianas sequestradas pelo grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram; a atriz participa do Festival Internacional de Cinema em Cannes, sul da França, neste sábado; da esquerda para a direita os diretores Paul Brizzi, Roger Allers, Joan C. Gratz e Gaetan Brizzi
Foto: AP
Publicidade
Todos os direitos de reprodução e representação reservados.