Sequestro de estudantes nigerianas entra no segundo mês

Há um mês, mais de 200 estudantes foram sequestradas por grupo terrorista Boko Haram; relembre o caso

14 mai 2014 - 16h58
Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, durante o Fórum Econômico Mundial
Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, durante o Fórum Econômico Mundial
Foto: Reuters

O sequestro de mais de 200 estudantes nigerianas pelo grupo Boko Haram entrou nesta quarta-feira em seu segundo mês, enquanto as potências internacionais intensificam seus esforços localizar as jovens.

Legisladores nigerianos começaram a debater um pedido do presidente Goodluck Jonathan para uma prorrogação de seis meses do estado de exceção imposto há exatamente um ano em três estados do nordeste, os mais afetados pela violência.

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Das 276 meninas sequestradas no dia 14 de abril em uma escola na cidade de Chibok, no estado de Borno, 223 ainda estão desaparecidas. Protestos nas ruas marcaram o aniversário de um mês do sequestro.

Em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou ao Parlamento que um avião de vigilância Sentinel e uma equipe militar serão enviados para Abuja, como parte da operação de resgate internacional.

Em Paris, o gabinete do presidente François Hollande informou que os líderes de Benin, Camarões, Níger e Chade se reunirão com o presidente da Nigéria na capital francesa no sábado para discutir temas relacionados a segurança.

Pessoas manifestam a favor das meninas sequestradas em 14 de abril
Foto: Reuters

Representantes da União Europeia, do Reino Unido e dos Estados Unidos também participarão do encontro, informou o Eliseu.

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"O encontro vai discutir... como isolar o (Boko Haram) através da inteligência, como treinar homens para combater os assassinos", acrescentou o chanceler Laurent Fabius.

"A França não está tomando a posição de ninguém, mas o nosso papel é ajudar os africanos a garantir a segurança, porque não pode haver qualquer solução sem democracia, desenvolvimento e segurança", completou.

Na segunda-feira, o Boko Haram divulgou um vídeo no qual estariam 130 meninas desaparecidas e alegando que elas haviam se convertido ao Islã. Todas foram identificadas depois como estudantes da escola atacada em Chibok.

O líder do grupo radical, Abubakar Shekau, sugeriu que elas poderiam ser soltas através de uma troca de prisioneiros.

Mas essa proposta foi rejeitada pelo presidente nigeriano, segundo declarações do ministro britânico para a África, Mark Simmonds.

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Simmonds, em viagem à Nigéria para discutir a ajuda de resgate internacional, disse ter abordado o assunto com o presidente Jonathan durante um encontro em Abuja.

"Discuti isso com o presidente e ele deixou muito claro que não haverá negociação com o Boko Haram que envolva a troca das estudantes sequestradas por prisioneiros", declarou.

O ministro nigeriano de Assuntos Especiais, Taminu Turaki, havia declarado mais cedo que o governo sempre esteve disposto a conversar com os insurgentes.

No entanto, o prêmio Nobel de Literatura nigeriano Wole Soyinka duvidou que qualquer negociação avance, sugerindo que o líder do Boko Haram é incapaz de dialogar.

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Nigerianas protestam por meninas sequestradas há um mês
Foto: Reuters

O vencedor do prêmio em 1986 declarou à AFP por telefone de Los Angeles que Shekau é "intoxicado por religião e drogas".

"Para mim, estamos lidando com uma espécie sub-humana", disse. "Como você dialoga com esse tipo de obscenidade?", se perguntou.

Jonathan e seu governo têm sido muito criticados por sua resposta lenta ao sequestro.

Mas eles foram obrigados a reagir diante de uma campanha midiática crescente que ganhou amplo apoio em todo o mundo e aumentou a pressão internacional.

Equipes de especialistas de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Israel foram enviadas para ajudar nas operações de busca, que, segundo o Exército da Nigéria, estão concentradas na região da floresta de Sambisa, no estado de Borno.

No entanto, há o temor de que as meninas tenham sido divididas em grupos e levadas aos vizinhos Chade e Camarões, utilizados pelo Boko Haram como bases para lançar ataques e se refugiar no passado.

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Senadores nigerianos convocaram os ministros da Defesa e de Assuntos Policiais, assim como os chefes militares e de segurança, para informá-los sobre o pedido de prorrogação do estado de exceção na quinta-feira, enquanto o assunto é discutido na Câmara dos Deputados.

Por lei, o pedido deve ser aprovado por dois terços de ambas as câmaras.

"É tradição do Senado avaliar o desempenho do estado de emergência antes de debater" qualquer nova prorrogação, declarou o líder da maioria no Senado, Victor Ndoma-Egba.

Em vigor há um ano, este estado de exceção não impediu que a insurreição dos radicais islâmicos intensificasse seus ataques e fizesse este sequestro sem precedentes.

Foto: Arte Terra

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