Sissi presta juramento como presidente do Egito

8 jun 2014 - 10h03
(atualizado às 10h03)

O ex-chefe do exército Abdel Fatah al-Sissi prestou juramento neste domingo como novo presidente do Egito em uma cerimônia sem a presença de líderes ocidentais, realizada menos de um ano após a destituição de seu antecessor, o islamita Mohamed Mursi.

"Juro em nome de Deus todo poderoso preservar o sistema republicano, proteger a lei e a Constituição para velar pelos interesses da população, e preservar a independência da nação e sua integridade territorial", declarou Sissi diante dos juízes do Tribunal Constitucional, em uma cerimônia transmitida pela televisão.

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Depois de jurar seu cargo, o novo presidente do Egito deixou escoltado o Tribunal, onde dezenas de seguidores reunidos agitavam bandeiras em seu exterior.

O dia continuará com uma recepção no palácio presidencial com poucos dignitários estrangeiros e com a presença de vários representantes das monarquias árabes do Golfo Pérsico, assim como do rei da Jordânia e de três presidentes africanos.

Sissi já atuava de fato como chefe de Estado depois de derrubar e deter no dia 3 de julho Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no país. Os Estados Unidos não enviaram nenhum funcionário de alto nível às cerimônias para mostrar seu descontentamento com a evolução do processo democrático no Egito. O encarregado de liderar a delegação americana é Thomas Shannon, atual assessor do secretário de Estado John Kerry.

A União Europeia (UE) enviou, por sua vez, seus embaixadores acreditados ao Cairo. A maioria dos países se limitou a felicitar o novo presidente após a eleição. As autoridades egípcias declararam neste domingo feriado para os funcionários públicos para que possam participar das celebrações.

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O marechal, que passou à reserva para poder disputar a eleição presidencial do fim de maio, venceu sem surpresas com 96,9% dos votos contra seu único rival, o líder da esquerda Hamden Sabahi. Sissi tomou o poder depois que milhões de egípcios saíram às ruas para exigir a partida de Mursi, que estava há um ano no poder.

Desde a destituição e a detenção do presidente islamita, as autoridades reprimem firmemente as vozes dissidentes e contam com o apoio de grande parte da sociedade. Várias ONGs de defesa de direitos humanos denunciaram que o regime liderado por Sissi é ainda mais autoritário que o do presidente deposto em 2011, Hosni Mubarak, que governou com mão de ferro o país por quase três décadas.

Os partidários de Mursi foram as principais vítimas da implacável repressão lançada pelo novo homem forte do Egito, que deixou mais de 1,4 mil mortos e cerca de 15 mil  detidos, centenas deles condenados à morte após a realização de julgamentos coletivos.

O governo, para justificar a brutal repressão, invocou a "guerra contra o terrorismo" ao destacar as dezenas de atentados contra as forças de segurança desde a destituição de Mursi. Tanto a Irmandade Muçulmana - o movimento do ex-presidente islamita - quanto outros grupos opositores haviam pedido um boicote destas eleições, nas quais o regime queria ganhar legitimidade mobilizando maciçamente a população, algo que não conseguiu.

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