A norte-americana Amanda Knox, símbolo de um dos casos judiciais mais midiáticos da Itália nas últimas décadas, criticou sua condenação por calúnia confirmada na última quinta-feira (23) pelo Tribunal de Cassação do país europeu.
"A ironia é que, apesar de ter sido injustamente condenada por calúnia, sou a pessoa mais caluniada de toda essa saga. A polícia, o promotor, a mídia, os tribunais e o assassino Rudy Guede, todos me caluniaram sem parar", reagiu ela, em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Knox foi condenada a uma pena de três anos - já cumprida - por ter acusado injustamente de assassinato um homem inocente, Patrick Lumumba, congolês ex-proprietário do bar onde ela trabalhava meio período, na época da morte de sua colega de quarto, a britânica Meredith Kercher, em 2007, em Perugia.
"Fui considerada culpada mais uma vez de um crime que não cometi", acrescentou Knox, enfatizando que acabou de receber o "Prêmio Innocence Network Impact, criado para homenagear uma pessoa exonerada que conscientiza sobre condenações injustas, questões políticas ou auxilia outras pessoas após a libertação".
Na publicação, a cidadã norte-americana contou que "estava tentando desesperadamente" se defender depois de ter sido forçada a "envolver alguém" que ela "nunca quis envolver".
Além disso, tentou explicar o significado do memorial que ela escreveu após ser detida pelo assassinato de Kercher. "Ninguém ia me ouvir e a única razão pela qual escrevi isso foi porque ninguém estava me ouvindo e todos estavam me chamando de mentirosa e de repente eu teria que ir ao tribunal e apontar o dedo em Patrick", acrescentou.
Knox revelou ainda que pensou: "Não consigo fazer isso", mas essa é a única razão pela qual escreveu o documento. "É como se não houvesse nada que eu pudesse fazer. É como se você chegasse a um ponto em que já fez tudo o que podia fazer", concluiu ela.
A norte-americana chegou a ser acusada e condenada pelo assassinato de Kercher, cujo corpo da jovem de 22 anos foi encontrado degolado e seminu, em 1º de novembro de 2007, em Perugia.
Na ocasião, ela cumpriu quatro anos de prisão, junto com seu então namorado, o italiano Raffaele Sollecito, também apontado como participante do crime. Em 2011, porém, ela foi absolvida pela Corte de Cassação, instância máxima na Itália.
Até hoje, as opiniões na Itália se dividem em relação à condução das investigações do crime e ao suposto envolvimento da americana. .