Agentes podem estar por trás de morte de promotor argentino

Alberto Nisman foi encontrado morto em seu apartamento na noite de domingo

23 jan 2015 - 18h20
(atualizado às 19h59)
Argentinos exibem cartazes com a palavra "Justiça" em frente à associação judaica AMIA durante protesto para pedir justiça na morte de um promotor argentino envolvido na investigação de um atentado, em Buenos Aires. 21/01/2015
Argentinos exibem cartazes com a palavra "Justiça" em frente à associação judaica AMIA durante protesto para pedir justiça na morte de um promotor argentino envolvido na investigação de um atentado, em Buenos Aires. 21/01/2015
Foto: Marcos Brindicci / Reuters

A Argentina suspeita que agentes escusos do seu próprio serviço de inteligência estejam por trás da morte do promotor público que investigava o atentado à bomba de 1994 contra um centro comunitário judaico em Buenos Aires.

Alberto Nisman foi encontrado morto em seu apartamento na noite de domingo com um tiro na cabeça e uma pistola de calibre 22 ao seu lado, assim como uma única cápsula de bala.

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Ele tinha uma audiência marcada para segunda-feira no Congresso Nacional para responder a questionamentos sobre a acusação de que a presidente argentina, Cristina Kirchner, tinha conspirado para prejudicar as investigações sobre o ataque.

A morte e subsequente onda de teorias da conspiração em torno do crime abalaram a Argentina. O governo diz que as denúncias de Nisman e sua morte estão ligadas a uma luta por poder na agência de inteligência argentina e a agentes recém demitidos.

Kirchner declara que não acredita em suicídio de promotor
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O governo afirma que os agentes dispensados enganaram Nisman e podem ter escrito parte da denúncia de 350 páginas preparada pelo promotor.

“Quando ele estava vivo, eles precisavam dele para apresentar as acusações contra a presidente. Então, sem dúvida, foi útil que ele tenha morrido”, disse o secretário da presidente, Aníbal Fernández, nesta sexta-feira.

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A Justiça argentina acusou um grupo de iranianos de plantar a bomba na Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994, quando 85 pessoas morreram.

Nisman acusou Cristina, na semana passada, de ter aberto um canal de comunicação secreto com o Irã com o objetivo de acobertar o suposto envolvimento de Teerã no atentado, facilitando assim o acesso ao petróleo iraniano, necessário para reduzir o déficit argentino de combustíveis, estimado em 7 bilhões de dólares ao ano.

O governo de Cristina disse que as acusações são absurdas. O Irã negou repetidamente ter qualquer ligação com o ataque. O secretário da presidente argentina disse nesta sexta-feira não acreditar nem mesmo que Nisman tenha escrito a própria denúncia.

"Trabalhei um pouco com o promotor Nisman. Sei que ele era especialista legal bem qualificado. Ele não poderia ter escrito esse absurdo", disse Fernández. "Está totalmente claro que ele não teve nada a ver com isso, mas havia pessoas em torno dele com outra agenda."

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Embora o governo alegue a existência de uma conspiração para falsamente acusar a presidente e então se livrar de Nisman, ninguém foi preso no caso até momento.

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