"As definições na rota para a libertação da Venezuela" incluem a renúncia do presidente, Nicolás Maduro, e a antecipação das eleições presidenciais pedidas por uma ala da oposição que fez um protesto neste domingo em Caracas. "Temos que nos unir para definir como vamos pedir a renúncia de Nicolás Maduro; nem submissão nem guerra civil, nem assassinato, nem golpe de Estado", declarou a dirigente da oposição, María Corina Machado.
Chamada de "assassina" pelo presidente, que a acusa de ser líder de um complô contra ele e que foi intimado em 16 de junho, convocou a concentração junto a dirigentes do partido Vontade Popular (VP), liderado pelo líder de oposição atualmente preso Leopoldo López.
Eles estão à frente de uma ala com iniciativas fora da Mesa da Unidade Democrática (MUD), aliança que reúne quase todos os partidos políticos contrários ao governo. A MUD não apoiou abertamente a manifestação deste domingo, nem os protestos convocados por López e María Corina em fevereiro, que foram o estopim para a crise vivida pela Venezuela atualmente e que deixou 42 mortos, perto de 800 feridos e centenas de detidos.
María Corina disse que "a primeira etapa da luta despertou o país e nosso grito libertário deu a volta ao mundo. O mundo reconhece que há na Venezuela uma ditadura cruel e desumana". "A rota para a libertação da Venezuela avança para uma segunda etapa cujo objetivo é conseguir eleições presidenciais o mais breve possível", disse. "Temos três passos: primeiro, uma grande aliança, um grande encontro nacional de líderes; o segundo, conseguir a renúncia de Maduro com um grande movimento nacional, um clamor, uma exigência, que em todos os povos se repete", afirmou Machado aos jornalistas.
E o terceiro passo seria "a renovação de todos os poderes públicos pela via de uma constituinte ou de uma emenda constitucional". O protesto aconteceu em uma pequena praça que divide as cidades de Libertador com Chacao. Além do pedido de renúncia, alguns reivindicaram a libertação de López usando crucifixos e outras manifestações religiosas.
López está recluso desde o dia 18 de fevereiro em uma prisão militar próxima a Caracas, acusado de autoria intelectual de incêndio intencional, instigação pública e formação de quadrilha por causa dos confrontos registrados em Caracas em 12 de fevereiro, que desencadearam a onda de protestos contra Maduro.
María Corina, por sua vez, foi acusada na semana passada de estabelecer um plano para assassinar o presidente e foi intimada para que se defenda judicialmente. Outros opositores também foram intimados, entre eles o presidente editor do jornal El Nacional, Miguel Henrique Otero, que irá depor amanhã no Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin).
Em sua edição dominical, o rotativo disse que Otero está na Colômbia e que por isso não cumprirá a ordem de se apresentar à Direção de Pesquisas Estratégicas do Sebin. Também foram intimados o ex-candidato presidencial Henrique Salas, o ex-delegado Ricardo Koesling e ex-embaixador Pedro Burelli.
O El Nacional, de linha editorial anti-governo, afirmou que Koesling "saiu do país via Trinidad e chegou a Berlim". E que Salas, ex-governador do Estado de Carabobo, "está fora do país, da mesma forma que Burelli".
Todos eles supostamente estariam cumprindo ordens de María Corina, que confirmou que dará "a cara à tapa" e comparecerá à intimação.
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