A Justiça da Argentina condenou nos últimos nove anos um total de 563 pessoas e processou outras 889 por crimes contra a humanidade cometidos durante a última ditadura no país (1976-1983), informaram fontes oficiais no aniversário dos 39 anos do golpe militar, completados nesta segunda-feira.
Desde a reabertura dos casos por violações dos direitos humanos em 2006, os tribunais argentinos emitiram 136 decisões relacionadas com esses crimes, segundo um relatório da Procuradoria de Crimes contra a Humanidade divulgado hoje pelo portal Infojus, ligado ao Ministério da Justiça da Argentina.
Nessas decisões judiciais, de 613 pessoas investigadas, 563 foram consideradas culpadas e apenas 50 foram inocentadas.
Há ainda 16 julgamentos em andamento, entre eles o caso que julga os chamados "voos da morte", nos quais prisioneiros vivos eram jogados no Rio da Prata. E também o referente à Operação Condor, estipulada pelas ditaduras sul-americanas para perseguir opositores políticos fora de seus próprios países.
São 970 acusados presos, com a maioria (57%) em unidades penitenciárias, 40% em prisão domiciliar, 1,5% em dependências das forças de segurança e o restante em hospitais do país. Há ainda 45 foragidos, entre os quais dois que fugiram após serem condenados.
As leis que garantiam a impunidade do período ditatorial foram canceladas em 2003 pelo presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e declaradas inconstitucionais três anos depois pela Suprema Corte.
Organizações de direitos humanos e partidos de esquerda lideram hoje manifestações no centro de Buenos Aires para homenagear as vítimas no 39ª aniversário do golpe militar.