O juiz federal argentino Ariel Lijo reassumiu, nesta segunda-feira, suas funções e estabeleceu medidas urgentes para proteger as provas vinculadas com as escutas telefônicas em que o promotor Alberto Nisman, encontrado morto nesta segunda-feira, fundamentou sua denúncia contra a presidente, Cristina Kirchner, de acobertamento no caso Amia. A presidente informou ter determinado que as provas sejam tornadas públicas.
Lijo enviou uma equipe à sede da unidade que investiga o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas em 1994, para "apreender e assegurar todos os discos compactos onde estão gravadas os grampos telefônicos e toda a documentação detalhada na denúncia", informou o Centro de Informação Judicial (CIJ) em seu site.
Além disso, o juiz solicitou que a investigação sobre o atentado inclua "todos os antecedentes e documentação vinculados aos grampos dessas linhas telefônicas", acrescentou o CIJ.
O magistrado decidiu interromper suas férias de verão e analisar com urgência a denúncia de Nisman, em meio a comoção da sociedade argentina pela morte do promotor, que foi encontrado com um tiro na cabeça em sua casa em Buenos Aires, nesta madrugada.
A juíza María Servini de Cubría, interinamente a cargo do tribunal de Lijo, tinha decidido na quinta-feira não interromper o recesso judicial para que a denúncia fosse tramitada durante as férias de verão, por considerar que a ação não estava acompanhada de "elementos probatórios" suficientes.
Provas públicas
Cristina Kirchner ordenou, nesta segunda-feira, que a informação relacionada à investigação do atentado seja tornada pública pelo serviço de inteligência. A presidente informou em um comunicado que o secretário de Inteligência (SI), Óscar Parrilli, notificou nesta segunda a juíza María Servini de que, por "expressa instrução da presidenta da Nação", autoriza a desclassificação da informação solicitada por Nisman ao realizar sua denúncia vinculada ao caso Amia e relacionada à assinatura do Memorando de Entendimento entre a Argentina e o Irã, datado de 2013.