Milhares de trabalhadores convocados pelos principais grupos de oposição marcharam nesta quarta-feira até a sede do governo da Argentina em protesto contra as políticas econômicas da presidente Cristina Kirchner.
A grande manifestação acontece no momento em que a inflação elevada e o estancamento da economia reduzem o poder aquisitivo dos trabalhadores e ameaçam afetar os empregos, um dos indicadores que o governo se gaba de ter melhorado nos últimos anos.
Um ano antes das eleições presidenciais, nas quais Cristina Kirchner não poderá se reeleger, vários sindicalistas desafiam o poder da mandatária enquanto decidem com qual candidato irão se alinhar em 2015.
Alguns dos mentores das manifestações são o poderoso líder dos caminhoneiros, Hugo Moyano, e o representante gastronômico Luis Barrionuevo.
"Estão em jogo nossos filhos, nossos netos", disse Barrionuevo em um discurso sucinto diante da Casa Rosada.
Os manifestantes pediram ao governo medidas contra a inflação alta, a insegurança urbana e a pobreza.
"Como não vai haver desânimo no povo? Com mais inflação não haverá maior segurança. A pobreza faz nascer todas as inseguranças. É urgente promover mudanças possíveis e necessárias", afirmaram os sindicatos no texto, cuja leitura foi o ato central da manifestação.
Segundo os organizadores, a falta de segurança "deixou de ser um problema do governo ou da oposição" e engloba "todos os níveis sociais, mas são os trabalhadores, os pobres e os excluídos os que padecem o drama de forma mais trágica.
Em relação ao narcotráfico, os sindicatos solicitaram "medidas mais profundas para combatê-lo".
"Se querem lutar contra o flagelo do narcotráfico, por que não investigam o roteiro das substâncias químicas ao mesmo tempo que destroem os bunkers?", propuseram no documento.
"Vamos brigar pela unidade do movimento operário, pela unidade dos trabalhadores, porque estão em jogo o futuro de nossos filhos e de nossos netos", assegurou Barrionuevo, para quem a manifestação aconteceu "sem interrupções, sem dádivas e sem oferecimentos".
Moyano, ex-aliado do kirchnerismo e hoje um poderoso adversário, evocou Juan Domingo Perón e Evita para ressaltar que "eles eram respaldados pelos trabalhadores, que são os que demonstram com sua presença a lealdade dos dirigentes que nunca lhes traíram".
Em declarações à Agência Efe, seu filho, Pablo Moyano, secretário adjunto do grêmio de caminhoneiros, manifestou seu desejo que o governo "deixe a soberba e comece a dar respostas aos trabalhadores".
O sindicalista destacou também como parte das reivindicações a eliminação do imposto que taxa o salário, conhecido como "imposto sob o lucro", e um aumento urgente das pensões dos aposentados, "que têm um salário ridículo".
"(A convocação de hoje) é a continuidade de um plano de luta que a CGT vem realizando há mais de quatro anos, que começou com uma greve nacional em 10 de abril e continua com a mobilização de hoje", afirmou o filho do líder sindical que não descartou novas medidas de força em breve.
Em 10 de abril, a Argentina viveu um dia de greve geral, convocada pelo setor da CGT liderado por Moyano e com grande adesão em todo o país, para protestar pela crescente inflação, acumulada em 9,7 % no primeiro trimestre de 2014.
A Argentina padece uma das maiores taxas de inflação do mundo, que neste ano pode superar os 30 por cento, enquanto a economia está dando sinais de esgotamento depois de quase uma década de forte crescimento.
Com informações da Reuters e EFE.