O vice-presidente argentino, Amado Boudou, deve depor à justiça como imputado em 15 de julho por suposto tráfico de influência, um fato inédito para um vice-presidente em exercício, anunciou o Poder Judiciário.
O juiz federal Ariel Lijo o investiga por uma gestão realizada por Boudou em 2010, quando era ministro da Economia, ante a agência de arrecadação fiscal (Administração Federal de Rendimentos Públicos, AFIP) para evitar a falência da empresa Ciccone Calcográfica, a única emissora de cédulas e documentos oficiais, agora expropriada pelo Estado.
Segundo as acusações, Boudou teria utilizado o cargo de ministro para beneficiar os acionistas que assumiram o controle da Ciccone, evitando a falência, o que é negado pelos advogados de defesa.
Na citação, divulgada pelo Centro de Informação Judicial da Suprema Corte, o juiz Lijo considera procedente a indagação ao suspeitar que "Boudou aproveitou a condição de funcionário público" para favorecer a empresa.
Também suspeita que "Amado Boudou e José María Nuñez Carmona teriam adquirido a empresa quebrada e dona do monopólio Ciccone Calcográfica, enquanto Boudou era ministro da Economia (do ex-presidente Néstor Kirchner), através da sociedade The Old Fund e de Alejandro Vandenbroele, com o objetivo último de contratar com o Estado Nacional a impressão de cédulas e documentação oficial", afirma a nota.
Vandenbroele e Carmona são dois dos acionistas envolvidos, assim como Rafael Brenner, Guillermo Reinwick e Nicolás Ciccone, todos convocados na citação judicial.
"Isto significa que há elementos suficientes para supor que - o vice-presidente - incorreu em uma conduta que pode ser reprovada judicialmente", disse o procurador federal Jorge Di Lello, que atua no caso.
Di Lello afirmou que Boudou "está imputado e não acusado", ao explicar que esta é uma etapa processual prévia a uma acusação penal.
De acordo com Di Lello, o vice-presidente "não pode depor por escrito" e terá que comparecer ao tribunal em 15 de julho.