O chefe máximo das Farc, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como "Timochenko", disse nesta terça-feira que a oligarquia colombiana quer uma "entrega humilhante" da guerrilha nos diálogos de paz que acontecem em Havana.
Em mensagem de vídeo gravada por ocasião dos 50 anos da criação das Farc, completados hoje, o chefe guerrilheiro acrescentou que a classe dominante do país exige com "arrogância a rendição", mas garantiu que o grupo não foi à mesa de diálogo em Cuba a negociar porque esteja vencido no campo militar.
"Sabemos bem que a única coisa que a oligarquia espera de nós é uma entrega humilhante", disse Timochenko, que advertiu: "mas na mesa somos duas partes e as aspirações nossas são totalmente diferentes".
Ele lembrou a data dizendo que as "Farc completam nesta terça-feira 50 anos de luta incorruptível e faremos o que for necessário se a oligarquia insistir de novo em impedir a paz", assegurou.
O movimento guerrilheiro nasceu em 1964 em Marquetalia, município de Planadas, no departamento do Tolima, no centro do país, onde um grupo de comunistas e liberais armados, entre eles Pedro Antonio Marín, conhecido como "Tirofijo", tentou frear uma ofensiva do exército contra uma comunidade camponesa autônoma estabelecida no lugar.
"Nascemos como consequência de uma declaração de guerra total por parte da oligarquia colombiana e da Casa Branca", acrescentou o chefe rebelde, ao acrescentar que "a reconciliação nacional passa pelo desmonte da política de ódios e aniquilamento implementada desde os mais altos cargos do Estado".
"Estamos em Havana porque sonhamos com uma paz efetiva", acrescentou Timochenko em referência às negociações de paz que desde novembro de 2012 acontecem na capital cubana entre a guerrilha e delegados do presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O chefe das Farc criticou Santos, candidato à reeleição, por apregoar a paz e acusar a oposição de querer a guerra ao mesmo tempo em que ele mesmo procura eliminar a guerrilha pela via militar.
"Ao insistir em sua campanha pela reeleição, o presidente Santos acusa seus fanáticos opositores da extrema-direita de querer assassinar as esperanças de paz do povo colombiano, como se todos os dias não estivesse ordenando intensificar as operações militares e os bombardeios em seu afã de matar os líderes da insurgência com a qual dialoga em Havana", disse.
"Não fomos para Havana por nos considerarmos vencidos, nem por temer a extinção com a qual pretendem nos amedrontar todos os dias, estamos ali porque entendemos que nada está definido na luta de classes e interesses em nossa pátria", finalizou Londoño.