Um juiz chileno condenou à prisão, nesta segunda-feira (30), 79 antigos agentes da ditadura de Augusto Pinochet pelo sequestro qualificado (desaparecimento) de um opositor detido em 1974 pela polícia secreta, informaram fontes da polícia.
O nome da vítima, Pedro Poblete Córdoba, foi incluído no ano seguinte à chamada "Operação Colombo", uma operação da Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia secreta de Pinochet, cujo objetivo era encobrir o desaparecimento de 119 opositores do regime.
Em resolução de primeira instância, o juiz especial Hernán Crisosto, do Tribunal de Apelações de Santiago, condenou a 13 anos de prisão seis altos oficiais da Dina, incluindo o ex-chefe da organização, o general Manuel Contreras Sepúlveda, que acumula mais de 400 anos de reclusão entre sentenças decretadas e outras com instâncias pendentes, após ser condenado em dezenas de julgamentos por violações aos direitos humanos.
Entre os integrantes da Dina condenados com os generais Raúl Eduardo Iturriaga Neumann e César Manríquez Bravo estão os brigadeiros Pedro Espinoza e Miguel Krassnoff Martchenko e o ex-coronel Marcelo Moren Brito.
Outros 39 antigos agentes foram sentenciados a 10 anos de prisão, enquanto 34 receberam uma condenação de 4 anos de reclusão, como cúmplices. Um réu, Demóstenes Cárdenas Saavedra, foi absolvido por não ter sido provada sua participação.
Pedro Poblete Córdoba, de 27 anos e membro do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), grupo que lutou com armas contra a ditadura, foi detido por agentes da Dina no centro de Santiago em 19 de julho de 1974.
O detido foi levado ao centro de torturas e extermínio situado no número 38 da rua Londres, onde foi torturado diariamente e interrogado sobre as atividades de seus companheiros do MIR até ser transferido ao campo de prisioneiros "Cuatro Álamos", também na capital chilena, de onde desapareceu em setembro do mesmo ano, segundo depoimentos de sobreviventes.
Em 1975, seu nome apareceu entre os 119 nomes de opositores à ditadura, a maioria do MIR, que segundo a revista "Lea", publicada uma única vez na Argentina, tinham morrido em eliminações internas do grupo esquerdista.
Também participaram da operação os serviços repressores de Argentina e Brasil. Organizações de direitos humanos consideram a Operação Colombo como parte do Plano Condor, como foi chamada a coordenação das ditaduras do Cone Sul para eliminar opositores nos anos 70 e 80.
Durante a ditadura de Pinochet, segundo números oficiais, cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do Estado, dos quais 1.192 ainda são considerados presos desaparecidos, enquanto outros 33 mil foram torturados e detidos por motivos políticos.