O prefeito da populosa cidade de La Florida, em Santiago do Chile, o direitista Rodolfo Carter, pediu permissão às autoridades agrícolas para cultivar maconha em terrenos municipais com fins terapêuticos, uma iniciativa inédita no país, que visa a beneficiar cerca de 200 doentes de câncer. "Viemos solicitar a autorização do SAG (Serviço Agrícola Pecuarista) para iniciar o cultivo regulado de cannabis sativa (...) só para fins medicinais", disse o prefeito a veículos locais.
Carter quer usar um terreno de mil metros quadrados da cidade para começar a cultivar a maconha em setembro, sob proteção policial, e produzir óleos e cápsulas da planta. Membro do ultradireitista União Democrática Independente (UDI), ele foi duramente criticado por parlamentares do seu setor, que o acusaram de querer legalizar a maconha.
"Não estamos promovendo a legalização de nenhuma droga. Se eles querem continuar no passado submetendo o povo chileno à mão das farmacêuticas que fazem negócios com a dor, é problema deles", respondeu Carter. O prefeito deverá tramitar solicitações similares perante o Ministério da Justiça e o da Saúde para obter permissões correspondentes.
A ministra da Saúde, Helia Molina, afirmou que "se estudará nos locais correspondentes a legalidade ou pertinência dessa solicitação". "Se há evidências de que funciona, não vejo porque não usá-la, mas é preciso avaliá-lo", acrescentou.
A presidente Michelle Bachelet se comprometeu, durante sua campanha, a revisar a classificação da maconha para que deixe de ser considerada legalmente uma "droga pesada" no Chile e passe a qualificá-la como "droga leve", o que reduziria as penas atuais sobre tráfico e cultivo no país.