O ex-chanceler israelense Shlomo Ben-Ami, um dos assessores do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, no processo de paz com a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), considerou nesta terça-feira que a possibilidade de conseguir um cessar-fogo bilateral "está mais próxima".
"A possibilidade de que não haja terrorismo e se possa chegar a um cessar-fogo bilateral está mais próxima que antes. Os avanços nas negociações indicam que a desconexão entre a guerra na Colômbia e o que está sendo negociado em Cuba tem que acabar", disse em entrevista à emissora "Blu Radio".
Ben-Ami participou dos "retiros" que Santos organizou com seus negociadores de paz e assessores internacionais durante o fim de semana em Cartagena (norte).
Como resultado dessas reuniões, o presidente ordenou aos negociadores acelerar os diálogos para tentar terminar o conflito armado ainda neste ano.
Embora Santos tenha dito na segunda-feira, ao anunciar a ordem, que não aceita a proposta de cessar-fogo bilateral que as Farc pediram em diversas ocasiões, o ex-chanceler israelense considerou que esta opção está próxima após o cessar-fogo unilateral e indefinido que a guerrilha iniciou em 20 de dezembro.
"Não tem por que lutar contra o terrorismo se o terrorismo não está lutando, e isso é o que queremos ver", disse.
Para o assessor, as negociações de paz, que ocorrem há 25 meses em Havana, chegaram "à hora da verdade " após serem firmados pré-acordos em três dos cinco pontos da agenda, referentes a terras, participação política e drogas ilícitas.
Ele também considerou que agora os negociadores de ambas as partes precisam fechar o quarto ponto da agenda, que reconhecerá as vítimas de ambas as partes, e abrir o quinto e último item, sobre o fim do conflito.
"É a reta final, onde são abordados os temas mais sensíveis", explicou Ben-Ami.
O ex-chanceler israelense também falou, em entrevista a "RCN Radio", sobre a necessidade de aplicar uma justiça de transição após a assinatura de um eventual acordo que "seja crível" e "tenha o aval da comunidade internacional e que não haja impunidade".
"É incrível pensar que depois desta história de conflito não haverá nenhuma condenação", disse o analista, que descartou que hoje em dia possa ser aplicada uma anistia total após o fim de um conflito armado porque "pode aparecer um juiz em outra parte do mundo e processar as Farc".