A Colômbia elege neste domingo seu próximo presidente, em eleições que se antecipam como as mais disputadas dos últimos tempos e que marcarão o futuro do processo de paz com a guerrilha após meio século de conflito.
Juan Manuel Santos, que busca um segundo mandato de quatro anos, e Óscar Iván Zuluaga, sucessor do popular ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), se enfrentarão em um segundo turno de resultado muito incerto, segundo os especialistas.
Mais de 32 milhões de colombianos estão convocados de maneira voluntária às mesas de votação, que estarão abertas entre as 08h00 e as 16h00 locais (10h00 e 18h00 de Brasília). A autoridade eleitoral planeja divulgar o resultado uma hora após o fechamento das urnas, com a pré-contagem de 95% dos votos.
Santos, um liberal de 62 anos, e Zuluaga, um direitista de 55, ambos ex-ministros de Uribe e outrora aliados políticos, estavam em empate técnico, segundo as últimas pesquisas divulgadas na semana passada.
No primeiro turno de 25 de maio, Zuluaga venceu com 29,3% dos votos contra 25,7% de Santos, em eleições onde a abstenção chegou a 60%, a mais alta dos últimos 20 anos e que os dois candidatos esperam combater neste domingo ativando suas maquinarias eleitorais.
Em disputa está o futuro do processo de paz com os grupos insurgentes que operam na Colômbia desde meados dos anos 1960, tema decisivo de uma campanha marcada por escândalos de espionagem e acusações de traição e corrupção mútua.
O conflito armado, que envolveu as guerrilhas, paramilitares e grupos de criminosos, deixou mais de 220.000 mortos e cinco milhões de deslocados.
O processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), principal grupo rebelde do país, que o governo de Santos leva adiante desde novembro de 2012 em Havana, dominou o debate eleitoral.
Santos busca seguir com as negociações, que já produziram avanços em temas como a reforma rural, a participação política dos guerrilheiros, a luta contra o narcotráfico e o reconhecimento às vítimas, com a promessa de que a paz beneficiará a todos, em um país onde um terço dos 47 milhões de habitantes são pobres, apesar de um crescimento superior a 4% anual.
Determinado a alcançar uma pacificação integral da Colômbia depois de protagonizar uma ofensiva contra as Farc quando era ministro da Defesa de Uribe, o presidente revelou nesta semana o início de negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista), segunda guerrilha do país, um anúncio que seu rival considerou eleitoreiro.
Zuluaga, inicialmente um feroz opositor a dialogar com a guerrilha, suavizou seu discurso depois de vencer no dia 25 de maio, dizendo que só negociará se as Farc abandonarem as ações terroristas, as minas terrestres, o recrutamento de crianças, os sequestros e extorsões.
Preocupado com a impunidade dos guerrilheiros, Zuluaga também exige um mínimo de seis anos de prisão para seus chefes.
Para este segundo turno, as Farc, com 8.000 combatentes, voltaram a declarar um cessar-fogo unilateral. O ELN, com 2.500 membros, não se somou desta vez, mas se comprometeu a não atrapalhar a votação.