Colômbia: guerra verbal esquenta clima da campanha eleitoral

As campanhas de Santos e Zuluaga estão envolvidas em uma guerra verbal que aqueceu o ambiente eleitoral na reta final

9 mai 2014 - 01h34
(atualizado às 01h35)

O tom da campanha eleitoral colombiana subiu nesta quinta-feira com denúncias e recriminações entre as candidaturas do presidente Juan Manuel Santos e do opositor Óscar Iván Zuluaga, que despontam nas enquetes como rivais em um hipotético segundo turno. Quando faltam pouco mais de duas semanas para o pleito, previsto para o dia 25 de maio, as campanhas de Santos e Zuluaga estão envolvidas em uma guerra verbal que aqueceu o ambiente eleitoral na reta final.

Zuluaga, candidato do movimento Centro Democrático, do ex-presidente Álvaro Uribe, denunciou a existência de uma "guerra suja" na campanha, enquanto Santos, da aliança União Nacional, disse hoje que o que está ocorrendo tem conotações criminosas. "Isso já não é guerra suja, isto é um crime porque é tentar matar a esperança dos colombianos", disse o atual presidente à emissora de rádio "W" ao referir-se à trama de espionagem descoberta pela procuradoria e que provocou a renúncia na quarta-feira de Luis Alfonso Hoyos, um dos principais assessores da campanha de Zuluaga.

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A procuradoria descobriu no início da semana escritórios em Bogotá que faziam intercepções ilegais de e-mails, com o objetivo de "sabotar" o processo de paz que o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) realizam em Cuba, segundo o procurador-geral, Eduardo Montealegre. Nessa operação foi detido o hacker Andrés Felipe Sepúlveda, que trabalhava em uma empresa familiar que prestava serviços de publicidade e divulgação em redes sociais à campanha de Zuluaga.

O Centro Democrático tomou distância de qualquer ilícito cometido por Sepúlveda, mas Hoyos, amigo de velha data de Zuluaga, renunciou após revelar-se que visitou o canal de televisão "RCN" com o hacker para oferecer informação sobre supostas pressões das Farc para votar a favor de Santos, que fez da paz o eixo de sua campanha.

"É um delito e não sei por que querem matar a esperança dos colombianos com a paz", disse hoje o presidente, que exigiu uma investigação rápida da Justiça sobre este episódio.

O Centro Democrático, criado por Uribe, que lidera a oposição ao governo de Santos e ao processo de paz porque considera que "entregará o país às Farc", considera que o caso de espionagem é "uma cortina de fumaça" para distrair a atenção do escândalo que abalou a campanha do presidente-candidato.

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Uribe, que foi presidente de 2002 a 2010 e ungiu Santos como seu sucessor nas últimas eleições, atacou novamente seu antigo aliado, cujo estrategista de propaganda, o publicitário venezuelano J.J. Rendón, renunciou na segunda-feira depois que a imprensa divulgou supostos pagamentos que recebeu em 2011 de narcotraficantes.

"Que a procuradoria investigue se o senhor J.J. Rendón teria entregado uma soma fabulosa aos que manejavam as contas da campanha do presidente Santos para saldar dívidas de 2010", pediu Uribe, senador eleito, em entrevista que pediu a "W" para responder Santos.

Uribe disse que "pessoas sérias" lhe informaram da "hipótese" que Rendón tenha fornecido US$ 2 milhões para pagar dívidas da eleição de Santos em 2010, dinheiro que pode ter saído dos US$ 12 milhões que o publicitário supostamente recebeu de um grupo de traficantes.

Segundo o jornal "El Espectador" e o colunista Daniel Coronell, da revista "Semana", o chefe criminoso Javier Antonio Serna, atualmente preso nos Estados Unidos, disse à procuradoria que quatro traficantes pagaram US$ 12 milhões a Rendón para que fosse intermediário perante o governo em um plano de entrega à Justiça que finalmente não se concretizou.

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Santos, por sua parte, manifestou que se Rendón e Germán Chica, outro antigo assessor seu envolvido no caso, receberam dinheiro de narcotraficantes devem submeter-se à Justiça. O diretor da campanha de Santos em 2010 e na atualidade, Roberto Prieto, acusou Uribe de tentar incriminar Santos "sem prova alguma" e anunciou que processará penalmente o ex-presidente.

Em meio à disputa, a candidata presidencial conservadora, Marta Lucía Ramírez, fez uma chamada à reflexão e à responsabilidade política. "Com estes escândalos estão destruindo todos os dias a nossa confiança", declarou Ramírez, que pediu para os colombianos entenderem que "o debate presidencial deste ano definirá o rumo do país".

  
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