Colombianos admitem terem assassinado o presidente do Haiti

Comando foi contratado para assassinar Jovenel Moise por políticos locais que pretendiam tomar o poder, em troca de dinheiro e proteção

19 ago 2021 - 13h04
(atualizado às 13h09)
Fotografia do presidente assassinado do Haiti, Jovenel Moise
REUTERS/Ricardo Arduengo
Fotografia do presidente assassinado do Haiti, Jovenel Moise REUTERS/Ricardo Arduengo
Foto: Reuters

Mercenários colombianos acusados de envolvimento no assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moise, confessaram participação no crime, que aprofundou a crise política e institucional no país caribenho.

De acordo com áudios obtidos pela emissora colombiana Caracol, o comando foi contratado para assassinar Moise por políticos locais que pretendiam tomar o poder, em troca de dinheiro e proteção.

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"Mike disse que tinham de entrar e matar todo mundo, tinham de matar todos os policiais. Se tivesse bicho de estimação, tinham de matar o bicho de estimação, não podia haver nenhuma testemunha", confessou Jheyner Carmona Flórez, ex-subtenente do Exército da Colômbia e um dos 18 mercenários colombianos presos por envolvimento no homicídio.

"Mike" é o apelido do ex-capitão Germán Rivera, um dos líderes da operação. De acordo com esses áudios, o comando chegou na residência privada de Moise à meia-noite de 7 de julho, acompanhado de dois haitianos e de um grupo de policiais, que fugiram após o crime.

Os mercenários foram recebidos com disparos, mas não tiveram problemas para entrar na casa, que estava com a porta principal aberta. Após a neutralização dos policiais que faziam a segurança do presidente, os ex-militares mais experientes, treinados na luta contra o narcotráfico na Colômbia, subiram ao segundo andar.

Quatro deles invadiram o quarto de Moise, que, segundo a Caracol, foi executado pelo mercenário Víctor Pineda com um fuzil M4. O presidente foi atingido por 12 disparos, enquanto sua esposa, Martine, foi baleada no braço e no abdômen, mas sobreviveu.

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Ainda de acordo com a Caracol, os colombianos se dirigiram à sede da presidência do Haiti para obter a proteção prometida por "políticos locais", mas o trato não teria sido cumprido.

Sem respaldo, o comando acabaria preso horas depois, enquanto se escondia no jardim da embaixada de Taiwan em Porto Príncipe, sem o conhecimento da sede diplomática. O grupo citou a ex-juíza da Suprema Corte Windelle Coq-Thélot, destituída por Moise, e o médico Emmanuel Sanon, que vive na Flórida, como aspirantes a presidente após o assassinato.

Com a morte de Moise, o então premiê Claude Joseph, que estava demissionário, se autoproclamou presidente interino, mas acabou pressionado a entregar o cargo para Ariel Henry, que havia sido nomeado dias antes do assassinato.

O novo primeiro-ministro prometeu realizar eleições presidenciais e legislativas em 7 de novembro.

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