Um jovem morreu e centenas de pessoas ficaram feridas em nova manifestação da oposição venezuelana nesta quarta-feira (03/05), no mesmo dia em que o presidente Nicolás Maduro formalizou um pedido para a convocação de eleições para a Assembleia Constituinte.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) denunciou os abusos por parte das forças de segurança contra a manifestação, encabeçada por deputados. Em comunicado, a MUD condenou o que chamou de "repressão covarde e selvagem" que, segundo afirma, teria sido ordenada por Maduro contra os que se opõem à sua proposta de convocar uma nova Assembleia para reformar a Constituição e as normas jurídicas do país.
Segundo a MUD, o jovem Armando Cañizales, de 17 anos, morreu ao ser atingido por um tiro durante a marcha, que tentava chegar ao centro de Caracas. Em apenas um mês, o número de mortos nos protestos já chega a 34.
Números divulgados pela oposição e por dois municípios na região metropolitana de Caracas, Chacao e Baruta, falam em mais de 300 feridos, entre eles duas vítimas de queimaduras e várias pessoas atropeladas por um veículo blindado da Guarda Nacional. Os manifestantes tentavam chegar à sede da Assembleia Nacional, no centro da capital, para expressar apoio aos deputados que rejeitam a manobra política de Maduro.
Ao mesmo tempo, Maduro entregava ao Conselho Nacional Eleitoral o decreto para ativar o mecanismo de convocação de eleições legislativas. O presidente desafiou seus opositores a lançar seus candidatos e os acusou pelos atos violentos cometidos durante os protestos. "Se são maioria, peço que lancem seus candidatos à Assembleia Constituinte. O povo decidirá se quer a paz ou a violência", afirmou Maduro.
O presidente ressaltou que o novo Legislativo será "plenipotenciário" e poderá reformar qualquer poder do Estado. "Enquanto eles chamam à violência, eu chamo uma Constituinte de paz, de união. Queriam eleições? Em algumas semanas teremos uma para a Constituinte." A convocação da Constituinte aprofundou ainda mais as divisões internas do país, motivando novos protestos por parte da oposição, que acusa Maduro de orquestrar um golpe de Estado.
Esposa de Leopoldo López contesta "prova de vida"
A esposa do líder da oposição venezuelana Leopoldo López, Lilian Tintori, questionou a veracidade de uma mensagem de "fé de vida", divulgada pela televisão estatal para provar que seu marido, mantido sob custódia numa prisão militar há mais de três anos, está vivo. Ela insiste em vê-lo pessoalmente.
"Não posso dar nenhuma informação segura até que eu veja o Leopoldo e ele me diga como está, e não com um vídeo editado do [deputado chavista] Diosdado Cabello, no qual não confio", afirmou Tintori a jornalistas na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas. "Não estarei tranquila até ver Leopoldo pessoalmente."
Ela foi à prisão após relatos de que seu marido teria sido transferido para um hospital militar. Para dar fim aos rumores, o deputado Cabello divulgou um vídeo de López em seu programa de televisão. "Não entendo o motivo pelo qual se quer dar uma prova de vida neste momento; mando uma mensagem à minha família e meus filhos de que estou bem", diz López no vídeo. Sua esposa afirma que ele está em isolamento há mais de um mês e que as visitas de familiares e advogados foram proibidas.
"Não permitem visitas, mas permitem que Diosdado grave vídeos de Leopoldo", questionou Tintori. Ela acusa o deputado e o governo de Maduro de divulgar as informações sobre a suposta transferência de López para o hospital para distrair a atenção em relação aos protestos.
RC/dpa/efe
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