O ex-ministro da Planificação da Argentina e atualmente deputado Julio De Vido negou qualquer ligação com os subornos que a construtora brasileira Odebrecht afirmou ter pago no país sul-americano e disse que o vínculo que deveria ser feito é o da companhia com o presidente argentino, Mauricio Macri.
"Desde já nego ter recebido subornos desta empresa e de qualquer outra", afirmou De Vido que também acusou a imprensa "oficialista", ou seja, favorável ao atual governo do país, de encobrir o fato de que "o sócio da Odebrecht na principal obra (que a companhia tem) na Argentina é Angelo Calcaterra, primo de Mauricio Macri, através da (companhia) Iecsa" para realizar obras da ferrovia Sarmiento, em Buenos Aires.
"Queremos que se identifiquem quem são os supostos intermediários que cobraram [os subornos] e que digam a quais funcionários eles foram pagos", disse o ex-ministro do governo da ex-presidente Cristina Kirchner. "Em nenhum dos casos que estão sendo relacionados a mim foi encontrada uma só prova", disse De Vido nas suas redes sociais.
"Macri deu à Odebrecht e a seu primo um acréscimo de 800 milhões a mais que o previsto na obra sem nenhuma justificativa", explicou o deputado referindo-se às obras da rede ferroviária Sarmiento, que cruzará a cidade de Buenos Aires.
"Se for certo que é assim que se movimenta essa empresa (Odebrecht), nem quero imaginar como [os membros do governo de Macri] fizeram para obter um benefício tão escandaloso", disse De Vido. Além disso, o político também ressaltou que a companhia brasileira e a argentina Iecsa são sócias na obra dos gasodutos em Córdoba realizada "com canos da Techint", multinacional ítalo-argentina que deu um forte apoio a Macri.
Há alguns dias, aliás, o presidente da Techint, Paolo Rocca, elogiou o rumo da economia no país que foi assumido pelo governo do presidente argentino e disse que são "notáveis" as suas realizações.
Sobre os subornos, a Secretaria Anticorrupção da Argentina (OA, na sigla em espanhol) contatou na última sexta-feira (23) fiscais e investigadores brasileiros para pedir informações e provas sobre o suposto pagamento de US$ 35 milhões da Odebrecht a funcionários do governo argentino entre 2007 e 2015.
A construtora brasileira já é alvo de investigações do órgão desde 2005, que foram reforçadas e ampliadas em dezembro do ano passado.