As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) responderam nesta quarta-feira, em Havana, ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que a guerrilha mais antiga das Américas está pronta para discutir com o governo "o cessar-fogo bilateral".
O anúncio foi feito pela guerrilha através de um comunicado datado em Havana e assinado pela Delegação de Paz das Farc no país.
"Recebemos com consentimento a declaração do presidente Santos no sentido de enviar seus plenipotenciários a Havana para discutir imediatamente o cessar-fogo bilateral", afirmaram as Farc em um documento divulgado em seu site.
Horas antes, o presidente anunciou em um pronunciamento que deu instruções aos negociadores de paz em Havana para iniciar, "o mais rápido possível", as discussões para avançar rumo a um "cessar-fogo bilateral e definitivo" com as Farc.
"Dei instruções aos negociadores para que iniciem o mais rápido possível a discussão sobre um cessar fogo bilateral e definitivo", afirmou o presidente em pronunciamento sobre o processo de paz na sede do governo colombiano.
Santos destacou que as Farc estão cumprindo o cessar-fogo unilateral e indefinido, iniciado no dia 20 de dezembro, e considerou que o gesto da guerrilha é "um passo na direção certa". O presidente colombiano também garantiu que nos diálogos de Havana, que acontecem há dois anos, já estão sendo discutidos os dois últimos pontos da agenda, que são os Direitos das Vítimas e o Fim do Conflito propriamente dito.
"Já começamos a trabalhar nos acordos sobre a forma como a guerrilha deixará a luta armada e se reintegrará à vida civil", disse Santos.
Além disso, Santos considerou "positivas" as declarações do Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda guerrilha do país, que manifestou nos últimos dias sua disposição de também abandonar a luta armada.
As Farc acrescentaram que, apesar de Santos ter dito que a guerrilha está "no caminho correto" ao declarar uma trégua unilateral e indefinida, as ordens do governo de continuar com sua ofensiva contra os guerrilheiros é contraditória.
"No entanto, apesar de o presidente considerar que o cessar-fogo unilateral e indefinido declarado pela nossa organização é o caminho correto, nos parece contraditória e temerária a ordem de intensificar as ações ofensivas contra a guerrilha em trégua, na medida em que continua colocando em risco a continuidade do cessar-fogo unilateral", advertiram as Farc.
A guerrilha também garantiu que o cessar-fogo bilateral - solicitado por ela em várias oportunidades, mas sem a adesão do governo - significaria, em "termos práticos" o fim do conflito, muito antes da assinatura de um acordo final.