Governo de Maduro defende a revolução chavista

4 jun 2016 - 21h28
(atualizado em 5/6/2016 às 11h49)

O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu na noite de sábado (4) nas ruas do país e diante da comunidade caribenha reunida em Havana a revolução chavista, enquanto a oposição insiste em que se abra caminho para o referendo para revogar o mandato do chefe de Estado.

Foto: John Moore / Getty Images

Maduro foi a Cuba para a Cúpula da Associação de Estados do Caribe (AEC), um mecanismo criado em 1994 e com 31 integrantes, nos dias prévios à discussão na Organização dos Estados Americanos (OEA) da proposta de seu secretário-geral, Luis Almagro, de ativar a Carta Democrática para a Venezuela.

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Perante uma comunidade que a chanceler venezuelana, Delcy Roodríguez, definiu como "a família caribenha", Maduro alertou sobre as "pressões" que enfrenta e seu pedido foi respondido com uma declaração da Cúpula da AEC em solidariedade a seu país.

"São brutais as pressões para isolar a Venezuela e aprovar este instrumento, que seria uma vergonha contra nosso país", afirmou Maduro em seu discurso ao se referir à Carta Democrática.

O presidente afirmou que a Venezuela "vai lutar" com "Carta Democrática ou sem Carta Democrática".

"A Venezuela não vai se dobrar. E se pretendem nos encurralar vamos brigar de frente. Que o mundo inteiro saiba", ressaltou.

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Maduro disse que estes "não são tempos de intervencionismo nem ingerências, mas tempos de respeito" e destacou que seu país "exige respeito" a sua soberania, direitos, autodeterminação e a decidir o sistema político, econômico e social que sua Constituição determina.

O discurso de Maduro para os caribenhos desmontou, de acordo com seu chanceler, "as patranhas midiáticas" e as "mentiras que hoje são faladas sobre a Venezuela e que pretendem somente justificar uma intervenção estrangeira".

Enquanto acontecia a reunião em Havana, milhares de seguidores do chavismo saíram às ruas em várias cidades venezuelanas em rejeição ao que consideram uma "ingerência estrangeira" da OEA no país, e para expressar seu apoio ao governo de Maduro.

"Diante de uma ingerência, uma agressão a nosso país, saiba que este é um povo que se sente orgulhoso de ser os filhos e as filhas dos libertadores deste continente", declarou à estatal "VTV" de Anzoátegui o deputado governista Elías Jaua, que liderou a passeata nesse estado do país.

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Jaua, que, além disso, foi chanceler, disse depois em outra concentração no estado de Miranda que "contra a carta de Almagro, a Carta Magna venezuelana".

O que defende o chavismo é o "direito a resolver nossos próprios problemas, nosso direito a entender entre venezuelanos sem que ninguém nos chantageie", ressaltou Jaua.

O governador de Aragua, Tareck el Aissami, chefe do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) nesse estado e no vizinho Carabobo, afirmou que estão nas ruas "reafirmando a vocação pacífica da revolução bolivariana".

"Mas também das ruas da Venezuela dizemos à OEA, ao império ianque, este povo decidiu para sempre ser livre e nunca mais colônia", ressaltou o dirigente chavista.

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Outras mobilizações foram registradas nos estados de Zulia (noroeste), Portuguesa (oeste), Táchira (oeste), Carabobo (centro), Falcon (noroeste), Barinas (oeste), em atenção ao chamado feito pelo governo e pelo PSUV.

Pelo lado opositor, o duas vezes candidato à presidência e atual governador do estado de Miranda (centro), Henrique Capriles, insistiu hoje no referendo revogatório do governo de Maduro.

Capriles também criticou em sua conta no Twitter a viagem do presidente a Cuba, e o acusou de estar "passeando".

"Nomeiem uma viagem das tantas feitas por Maduro paga com o dinheiro de todos os venezuelanos que tenha servido para alguma coisa? Nenhuma! Turismo!", escreveu Capriles.

Ele se queixou em outra mensagem que "grande parte" do "povo passando fome, procurando comida! e Maduro? Passeando e falando gamelotes (temas de pouca relevância) em Havana!".

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O dirigente opositor ressaltou que "chegou o tempo, não há desculpas, não brinquem mais com o povo venezuelano" e afirmou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) "deve informar os pontos de validação para iniciar a seguinte etapa do Revogatório".

Na sexta-feira, Capriles convocou uma mobilização de protesto para a próxima segunda-feira até a sede do CNE para exigir da sua direção que anuncie o passo para a fase seguinte para ativar o referendo.

A oposição entregou no dia 2 de maio ao CNE cerca de 1,8 milhão de assinaturas (das 2,5 milhões que coletou), muitas mais do que as cerca de 200 mil exigidas para ativar o revogatório presidencial.

  
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