Inspirados, parentes procuram outros desaparecidos no México
Encorajados pela atenção que o caso dos estudantes tem recebido, da mídia e do governo, eles deram início a suas próprias buscas pelos parentes desaparecidos
Mais de 30 nomes são lidos. Eles pertencem a irmãos, maridos, mulheres e filhos desaparecidos.
São pessoas que aquele grupo da missa procura nas montanhas ao redor de Iguala. Elas estão, possivelmente, em valas comuns.
O desaparecimento e suposto assassinato de 43 estudantes na cidade de Iguala, no final de setembro, causou indignação no México e em todo o mundo.
De acordo com alguns mexicanos, esta é apenas a ponta do iceberg.
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Nas semanas seguintes ao desaparecimento dos estudantes, pelo menos 300 famílias procuraram as autoridades dizendo que seus parentes também sumiram naquela região. Algumas delas esperaram em silêncio durante anos pelo retorno de seus entes queridos.
Encorajados pela atenção que o caso dos estudantes tem recebido, da mídia e do governo, eles deram início a suas próprias buscas pelos parentes desaparecidos.
No entanto, muitas das pessoas naquela missa ainda têm medo. Uma delas é Jorge Popoca.
Em agosto, sua mulher e seus três filhos – o mais velho tem quatro anos de idade e o mais novo, 15 meses – foram sequestrados em Iguala.
Apesar de ter pago o resgate pedido pelos sequestradores, Popoca ainda não teve notícias deles.
Durante a missa, ele não consegue parar de chorar nem para dizer os nomes de seus parentes. Mas, depois, reúne forças para contar sua história.
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"Sabíamos sobre as valas comuns, mas não sabíamos a extensão do problema. As autoridades nunca fizeram nada e as pessoas tinham medo demais para agir. A população de Iguala vivia com medo. Eles sabiam que a polícia estava envolvida", diz.
Reino de terror
Os habitantes de Iguala têm vivido em um reino de terror há dois anos, segundo os moradores.
O procurador-geral do México, Jesus Murillo Karam, diz ter encontrado provas de que José Luis Abarca, ex-prefeito de Iguala, que foi preso, e sua mulher estavam trabalhando com o cartel de narcotráfico Guerreros Unidos.
Diversos policiais locais também eram pagos pela organização criminosa, e acredita-se que dezenas estejam envolvidos no sequestro e suposto assassinato dos estudantes. Tudo isso passou despercebido pelas autoridades.
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"Muitos desses crimes precisam de denúncias para serem investigados. É verdade que em Guerrero, nos últimos dez anos, muitos não foram denunciados por medo. Algumas vezes, medo de que a polícia estivesse envolvida", diz David Cienfuegos, o novo ministro do Interior do Estado de Guerrero.
"Em lugares como Iguala, os grupos criminosos não só se infiltraram na polícia, como também na classe política. Fala-se em 'narcopolítica'."
De acordo com Cienfuegos, pode haver casos semelhantes em cidades mais isoladas do que Iguala em Guerrero.
Iniciativa
Enquanto isso, nas montanhas de Iguala, a busca continua. Divididos em pequenos grupos armados com pás e picaretas, membros da família estão testando o solo, tentando identificar áreas grandes o suficiente para esconder uma vala.
Sempre que encontram qualquer coisa suspeita, eles marcam o local com uma pequena bandeira, para que especialistas possam cavar ali. É uma tarefa ingrata, que muitos deles fazem há meses.
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Maria del Carmen Abarca Baena, cujo marido, Saturno Diaz Beltran, estaria completando 48 anos, descreveu o momento em que ele desapareceu, em março.
"Ele saiu de casa pela manhã para ir para uma aula – estava estudando direito. Mas nunca voltou para casa", diz. "Eu não sei o que aconteceu com ele. Eu não acredito em nada. A única coisa que sei é que estou procurando por ele, e peço a Deus para encontrá-lo."
Assim como muitos dos familiares de desaparecidos, Maria não espera justiça.
Ela só espera encontrar seus restos e dar a ele a dignidade de um local para repousar -e não apenas um buraco no chão destas montanhas duras e impiedosas.
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Estudantes da Escola Raúl Isidro Burgos são tidos como desaparecidos.
Foto: Ceteg Acapulco
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Abel García Hernandez, morador da região de Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Abelardo Vázquez Peniten, morador de Atliaca, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Adán Abrajan de la Cruz, vive no bairro de El Fortín, em Tixtla, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Alexander Mora Venancio, vive na comunidade de El Pericón, em Tecuanapa, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Antonio Santana Maestro, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Benjamín Ascencio Bautista, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Bernardo Flores Alcaraz, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Carlos Iván Ramírez Villareal, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Carlos Lorenzo Hernández Muñoz, morador da Costa, de Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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César Manuel González Hernández, morador de Huamantla, no estado de Tlaxcala.
Foto: proyectoambulante.org
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Christian Alfonso Rodríguez Telumbre, morador de Tixtla, Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Christian Tomás Colón Garnica, morador de Tlacolula de Matamoros, em Oaxaca.
Foto: proyectoambulante.org
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Cutberto Ortiz Ramos, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Doriam González Parral, morador de Xalpatláhuac, em Guerrero, tem um irmão na mesma escola e estavam juntos quando desapareceram
Foto: proyectoambulante.org
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Emiliano Alen Gaspar de la Cruz é um dos 20 alunos do primeiro ano do colégio, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Everardo Rodriguez Bello é morador de Omeapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Felipe Arnulfo Rosa morava na região do Rancho Papa, no município de Ayutla de los Libres, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Giovanni Galindes Guerrero tem 20 anos e não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Israel Caballero Sánchez é morador da comunidade indígena de Atliaca, que se localiza na metade do caminho entre Tixtla e Apango, municípios de Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Israel Jacinto Lugardo é morador de Atoyac de Álvarez, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jesús Jovany Rodríguez Tlatempa estudava no primeiro ano do colégio e é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jhosivani Guerrero de la Cruz, morador de Omeapa, comunidade localizada a 15 minutos da sede do município de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jonás Trujillo González é morador da Costa Grande, na região de Ticuí, município de Atoyac de Álvarez, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Álvarez Nava é morador do município Juan R. Escudero, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Aníbal Cruz Mendoza é morador de Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Antonio Tizapa Legideño é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Jorge Luis González Parral é o irmão mais velho de Doriam e também morava em Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Ángel Campos Cantor tem 33 anos e é, entre todos os desaparecidos, o mais velho. Ele é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Ángel Navarrete González, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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José Eduardo Bartolo Tlatempa é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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José Luis Luna Torres chegou à escola de Ayotzinapa, de Guerrero, diretamente da região de Amilzingo, em Morelos.
Foto: proyectoambulante.org
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Julio César López Palotzin é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Leonel Castro Abarca, nasceu na comunidade de El Magueyito, em Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Luis Ángel Abarca Carrillo é da região da Costa Chica, localizada em San Antonio, no município de Cuautepec, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Luis Ángel Francisco Arzola, não há informações a respeito de sua residência.
Foto: proyectoambulante.org
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Magdaleno Rubén Lauro Villegas chegou à escola de Ayotzinapa depois de deixar a região de La Montaña.
Foto: proyectoambulante.org
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Marcial Pablo Baranda é primo de Jorge Luis e Doriam González Parral. Ele fala a língua indígena e nasceu em Xalpatláhuac, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Marco Antonio Gómez Molina é morador de Tixtla, em Guerrero.
Foto: proyectoambulante.org
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Martín Getsemany Sánchez García é o quinto de oito irmãos, morador do município de Zumpango, em Guerrero.
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Mauricio Ortega Valerio faz parte de um povo que se denomina 'Matlalapa o Matlinalapa', localizado na região de La Montaña. Ele se preparava para ser professor bilíngue.
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Miguel Ángel Hernández Martínez tem 27 anos e não há informações a respeito de sua residência.
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Miguel Ángel Mendoza Zacarías faz parte de um povo que se autodenomina Apango. Vive no município de Mártir de Cuilapa, em Guerrero.
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Saúl Bruno García é morador de Tecuanapa, em Guerrero.
Foto: <p>Saúl Bruno García é morador de Tecuanapa, em Guerrero.</p>
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