Ao menos 21 presos que estavam em greve de fome morreram intoxicados por medicamentos anticonvulsivos nesta quarta-feira no Centro de Reclusão David Viloria (Uribana), no estado de Lara, sudoeste da Venezuela, informaram oficiais da polícia, que pediram para ter a identidade preservada.
Os detentos mortos realizavam uma greve de fome desde a terça-feira passada, em protesto pelo tratamento desumano e as violações dos direitos humanos aos quais são submetidos na prisão.
Segundo o Observatório de Prisões, os detentos aproveitaram a ausência dos carcereiros para assumir o controle da enfermaria e ter acesso aos medicamentos.
O governo venezuelano confirmou a morte de 13 detentos e acrescentou que outros 145 estão sendo atendidos por intoxicação por medicamentos na prisão de Uribana, ocorrida durante um protesto.
"Informamos a lamentável morte de 13 detentos", diz um comunicado do ministério de Serviços Penitenciários, acrescentando que o incidente foi "produto da ingestão descontrolada de medicamentos como antibióticos, antiepilépticos, anti-hipertensivos e álcool".
"Um grupo de 145 detentos" está sendo atendido por pessoal médico, acrescentou o ministério.
A ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) confirmou que há 17 detentos mortos em hospitais de Lara e outros quatro em Maracay, no estado de Aragua, que haviam sido transferidos do presídio David Viloria.
"Há 15 mortos no Hospital Central de Barquisimeto e outros dois no hospital do Seguro Social. Em outro grupo de detentos, transferido para o (presídio) Tocorón, há 16 intoxicados no Hospital Central de Maracay, incluindo 4 que faleceram e 12 que se encontram mal", disse à AFP Humberto Prado, diretor da OVP.
Prado advertiu que se desconhece a situação de vários presos transferidos do David Viloria para penitenciárias dos Estados de Portuguesa e Guárico, no sudoeste do país.
A "ingestão de medicamentos" pelos detentos foi confirmada no Twitter pela ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, que nas próximas horas fará um comunicado oficial sobre o assunto.
Segundo defensores dos direitos humanos, há ao menos 40 detentos internados com intoxicação em hospitais de Lara e Aragua.