O secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, protagonizaram nesta quinta-feira (data local), às vésperas do início da VII Cúpula das Américas, um encontro histórico, a reunião de mais alto nível em décadas entre representantes dos dois países.
O Departamento de Estado dos EUA publicou em sua conta no Twitter uma foto de Kerry e Rodríguez apertando as mãos, depois de a porta-voz do órgão, Marie Harf, ter anunciado a realização do encontro na mesma rede social. Outra fotografia, divulgada também pelo órgão, mostra Kerry e Rodríguez dialogando sentados e em companhia de funcionários de ambos os países.
Após o término do encontro, o Departamento de Estado afirmou em comunicado que a reunião "foi longa e muito construtiva". Além disso, disse que Kerry e Rodríguez fizeram progressos e vão continuar trabalhando para resolver "os assuntos pendentes".
Até o momento, o governo cubano não divulgou nenhuma informação sobre a reunião, assim como também não o fizeram os meios de comunicação da ilha.
A reunião bilateral entre Kerry e Rodríguez foi a de mais alto nível diplomático em décadas, a primeira entre os dois chanceleres desde o histórico anúncio do restabelecimento das relações entre os EUA e Cuba, realizado em dezembro do ano passado pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro.
Na época, Obama e Castro conversaram por telefone e ambos já estão no Panamá para participar da VII Cúpula das Américas, que será aberta na sexta-feira.
A Casa Branca disse que não há, por enquanto, uma reunião bilateral programada entre Obama e Castro, mas afirmou que os dois líderes terão "algum tipo de interação" durante a cúpula.
Obama disse mais cedo na Jamaica, onde fazia visita oficial, que já recebeu de Kerry a recomendação de retirar Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, mas esclareceu que ainda não tomou uma decisão sobre o assunto.
A sugestão de Kerry deve ser revisada agora por uma equipe da Casa Branca, que depois passará para Obama suas conclusões.
Cuba reivindica sua saída dessa lista, mas não considera a retirada como um pré-requisito para retomar as relações bilaterais com os EUA e reabrir as embaixadas nas respectivas capitais.
No entanto, analistas acreditam que esse seria um passo muito importante para a normalização diplomática entre os dois países.
Para retirar Cuba da lista, os EUA devem chegar à conclusão de que "durante os últimos seis meses o país não se envolveu no apoio, assistência ou cumplicidade de atos terroristas internacionais", explicou recentemente Kerry.
Além disso, é preciso que o governo cubano mostre um compromisso de que não tem intenção de apoiar o terrorismo no futuro.
Assim que Obama anunciar sua decisão, deve notificá-la de maneira formal ao Congresso, que terá 45 dias para estudá-la.
Dentro de sua acirrada agenda no Panamá, Obama participará amanhã do Fórum da Sociedade Civil, que reúne dissidentes cubanos e opositores venezuelanos, entre outros.
Na Jamaica, durante um evento com jovens aberto à perguntas, Obama insistiu em suas preocupações sobre a situação dos direitos humanos em Cuba, mas não fez referência aos incidentes ocorridos entre funcionários do governo cubano e opositores no Panamá.
O boicote da delegação governista à presença de dissidentes no Fórum da Sociedade Civil gerou novos problemas no evento, no qual duas mesas de trabalho se dividiram em diferentes grupos para evitar um confronto ainda maior entre as partes.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe antes de viajar para a Jamaica e ao Panamá, Obama destacou que as "mudanças históricas" na política em relação a Cuba já estão dando resultados.