Maduro poderá governar Venezuela por decreto até fim de 2015

É a segunda vez que Maduro é empoderado pela Lei Habilitante durante seus dois anos de governo

15 mar 2015 - 17h59
(atualizado às 18h24)
<p>Em seus discursos, deputados da oposição, agitados, afirmaram que Maduro estaria cinicamente tirando proveito do impasse diplomático com Washington para acumular poderes</p>
Em seus discursos, deputados da oposição, agitados, afirmaram que Maduro estaria cinicamente tirando proveito do impasse diplomático com Washington para acumular poderes
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

O Parlamento da Venezuela garantiu neste domingo ao presidente Nicolás Maduro poder de governar por decreto até o fim de 2015, num gesto que o mandatário diz que servirá para defender o país da intervenção dos Estados Unidos, mas que a oposição condena como prova de autocracia.

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Em barulhenta sessão na Assembleia Nacional, os parlamentares do Partido Socialista, que está no poder e tem maioria, aplaudiram a lei como resposta legítima a uma sanção dos Estados Unidos a sete autoridades venezuelanas e uma subsequente declaração de que a Venezuela seria uma "ameaça à segurança".

"Eles (Estados Unidos) querem por suas mãos na riqueza da Venezuela, assim como fizeram com outros países", disse a parlamentar Tani Diaz, apresentando a lei como uma legislação de caráter "anti-imperialista".

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Do lado de fora da assembleia, apoiadores do presidente Maduro, vestindo vermelho, gritavam e seguravam cartazes com os dizeres: "Yankees, vão para a casa!". 

Em seus discursos, deputados da oposição, agitados, afirmaram que Maduro estaria cinicamente tirando proveito do impasse diplomático com Washington para acumular poderes, justificar a repressão e distrair os venezuelanos dos problemas econômicos vigentes, como escassez grave de produtos básicos.

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"Corruptos: suas viagens à Disneylândia estão acabadas", escreveu no Twitter o líder da oposição Henrique Capriles, em referência ao cancelamento dos vistos de sete autoridades venezuelanas que Washington acusa de corrupção e violação a direitos humanos.  

"O povo venezuelano não é estúpido. Isso (medida do governo dos EUA) é contra vocês, não contra a Venezuela", acrescentou.

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A medida norte-americano desencadeou denúncias diárias de Maduro, uma série de passeatas "anti-imperialistas", treinamentos cada vez mais frequentes do Exército e uma proliferação de grafites nas cidades condenando a interferência "gringa". 

Além disso, ofuscou o incômodo de muitos venezuelanos, que sofrem com a maior inflação das Américas, longas filas por comida e medicamentos e escassez de muitos produtos básicos. 

Maduro, ex-líder sindicalista de 52 anos de idade e ministro das relações exteriores que ganhou as eleições para substituir Hugo Chavez em 2013, viu sua aprovação cair drasticamente durante a crise econômica, mas membros de institutos de pesquisa já preveem que ele deve voltar a subir com a tática de orgulho nacionalista e recuperar prestígio com os eleitores após o pequeno conflito com os norte-americanos. 

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Tanto governo como oposição já se preparam para eleições para a Assembleia Nacional ainda neste ano. A data ainda não foi confirmada. 

Cientes dos episódios passados de interferência norte-americana no continente, os países vizinhos latino-americanos têm apoiado Maduro. O bloco Unasul condenou a "ameaça intervencionista" de Washington em um comunicado. 

É a segunda vez que Maduro é empoderado pela Lei Habilitante durante seus dois anos de governo.

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