O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs nesta quinta-feira que a oposição da Mesa de la Unidad Democrática (mesa da unidade democrática, MUD) e o governo busquem, de forma conjunta, um modelo de coexistência durante o início de um processo de diálogo, que, disse, é um espaço de debate, mas não de "pactos".
"É preciso criar um processo que nos leve à paz e a altíssimos níveis de respeito, coexistência, convivência, sobre a base da tolerância", afirmou Maduro no início dos discursos do diálogo, transmitido em rede nacional de rádio e televisão.
"Debate político, sim, com paixão; crítica entre nós, sim, com paixão; mas busquemos um modelo de coexistência que permita que a democracia venezuelana possa se fortalecer", acrescentou na reunião, da qual também participam chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul) e o núncio do Vaticano em Caracas.
Maduro opinou que o encontro representa um "debate, um diálogo, um encontro com posições claras de modelo de país, de projeto de liderança", mas ressaltou: "aqui não há negociações, nem pactos", em alusão aos acordos tradicionais entre partidos no passado. "Aqui, estamos somente buscando uma vontade comum de paz, de democracia, de respeito, de reconhecimento, estamos buscando, um modelo de coexistência pacífica", acrescentou.
O presidente venezuelano responsabilizou alguns setores da oposição de buscar a queda do governo com a crença de que este é "o momento da desarticulação e do colapso da revolução bolivariana", após a morte de Hugo Chávez (1999-2013). "Espero que este primeiro passo ajude, não se imponham os discursos, não se imponham as posições que tentam nos levar aos extremos", disse, ao reivindicar que "prevaleça a sensatez".
"O primeiro pedido é para que nos conheçamos, nos reconheçamos e nos respeitemos, um respeito além do formal", disse. "É muito importante buscar o caminho do reconhecimento e não o caminho dos ataques", insistiu.
Maduro reconheceu que existem problemas no país e assegurou que está "aberto para debater todos os problemas". O líder rejeitou o "sofrimento que passaram as comunidades sequestradas pelas 'guarimbas' (barricadas)", e ressaltou que uma coisa é o protesto e outra coisa é a violência.
"Para protestar na Venezuela há plenas liberdades e eu disse 1 mil vezes que se a MUD quer protestar todos os dias de todos os anos que estão por vir, podem fazê-lo", acrescentou.
No entanto, Maduro reivindicou "a condenação conjunta da violência como forma de se fazer política", como algo "vital" e "necessário".