Manifestantes organizam “barricada nacional” e paralisam Caracas

Circulação está lenta em toda a capital e comércios, escolas, universidades e muitas empresas funcionaram apenas pela manhã ou não abriram durante todo o dia

24 fev 2014 - 17h22
(atualizado às 18h23)
Manifestantes antigoverno montaram barricadas e começaram incêndios na capital venezuelana nesta segunda-feira
Manifestantes antigoverno montaram barricadas e começaram incêndios na capital venezuelana nesta segunda-feira
Foto: Reuters

Os protestos dos últimos dias na Venezuela, que pareciam perder intensidade, recobraram forças nesta segunda-feira, 24. Várias vias de Caracas e de outras cidades do país estão bloqueadas como resposta ao chamado feito pelas redes sociais para uma grande “barricada nacional”. As vias de acesso a alguns bairros do sudeste e do leste da capital foram cortadas. Os manifestantes também conseguiram montar pequenos piquetes com sacos de lixo e pedaços de madeira em artérias importantes, como a avenida Francisco Miranda, e incomodar o trânsito na cidade.

A circulação está lenta em toda a capital e comércios, escolas, universidades e muitas empresas funcionaram apenas pela manhã ou não abriram durante todo o dia.

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Estudantes da Universidade Central da Venezuela fecharam a autoestrada Francisco Fajardo, a principal de Caracas, que liga a cidade de oeste a leste. Segundo a líder estudantil Hilda Ruby González, o objetivo dos piquetes é impedir as pessoas de irem trabalhar e chamar a atenção para as manifestações. “Os venezuelanos não podem continuar a trabalhar, ir às escolas e universidades como se nada estivesse acontecendo”, diz González que afirma que o movimento estudantil apoia apenas as manifestações pacíficas. “As barricadas não podem impedir ambulâncias ou cidadãos com problemas urgentes de passar. Também não aceitamos comportamentos provocativos”.

No município de Chacao, uma das regiões mais mobilizadas nos protestos da capital, a polícia conseguiu liberar algumas ruas na manhã de hoje, mas os manifestantes voltaram a se instalar em outras vias. Segundo Diego Scharifker vereador em Chacao pelo partido de oposição Um Novo Tempo, uma dezena de pessoas foi presa na manhã desta segunda-feira pela Guarda Nacional, mas de maneira geral, os piquetes estavam acontecendo de maneira pacífica na região.

Às vésperas do carnaval e com os distúrbios dos últimos dias, os moradores começam a abandonar Caracas. Para completar, o presidente Nicolás Maduro decretou a quinta-feira, 27 de fevereiro, como feriado nacional. A data lembra o “Caracazo”, um dos mais violentos protestos da história do país, que aconteceu em 1989 contra as medidas de austeridade impostas pelo então presidente Carlos Andrés Perez. As manifestações deixaram centenas de mortos.

Motociclistas entram em confronto com estudantes que bloqueiam rua em Caracas
Foto: Reuters

“Com este feriado prolongado, o movimento vai ser colocado à prova” diz Scharifker. “Só então vamos saber se foi apenas uma explosão pontual ou se é um movimento forte”, acredita o vereador.

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Brasil

Na tarde de hoje uma comissão de estudantes universitários deve entregar um documento com as principais reivindicações dos manifestantes na Embaixada do Brasil em Caracas. “Este é um ato informal e espontâneo, por isso, não esperamos um comunicado oficial do governo brasileiro, mas informar o país sobre a situação que estamos vivendo”, diz o estudante da Universidade de Santa María, Rolando Ontidero. Além da Embaixada do Brasil, também devem ser visitadas as da Turquia e da Argentina.

Fonte: Especial para o Terra
Fonte: Terra
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