México: parentes de desaparecidos pedem intervenção do papa

Famílias querem que o líder da Igreja Católica intervenha para tornar o caso mais visível

23 dez 2014 - 08h20
(atualizado às 08h59)
Mãe de estudante desaparecido segura cartaz com a mensagem "Feliz Natal, meu filho. Aonde quer que você esteja"
Mãe de estudante desaparecido segura cartaz com a mensagem "Feliz Natal, meu filho. Aonde quer que você esteja"
Foto: Jorge Dan Lopez / Reuters

As famílias dos 43 estudantes desaparecidos há quase três meses no México pediram a intervenção do papa Francisco para tornar mais visível a busca de justiça. O governo reconhece que o país precisa de “transformação profunda”.

O núncio apostólico no México, Christophe Pierre, celebrou nessa segunda-feira (22) missa pelos estudantes, que desapareceram em 26 de setembro em Iguala, no estado de Guerreiro, por justiça e pela reconciliação e paz no país.

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“O papa está convosco”, disse Pierre aos parentes dos desaparecidos na cerimônia realizada na Escola Normal Rural de Ayotzinapa, no município de Tixtla, onde estudavam os 43 jovens.

A Igreja Católica partilha a dor e acompanha as famílias permanentemente por meio da oração, acrescentou o representante do papa.

Os pais portavam cartazes com mensagens como Feliz Natal, (Enrique) Peña Nieto, nós vamos continuar a procurar os nossos desaparecidos; Jesus Cristo morreu pela verdade. Onde estão?; ou Feliz Natal, meu filho, onde quer que estejas.

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Depois da missa, os pais se reuniram, durante mais de meia hora, com o núncio, a quem entregaram cartas dirigidas ao papa Francisco. As famílias querem que o líder da Igreja Católica intervenha para tornar o caso mais visível.

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O papa fez referência ao caso em duas ocasiões, a última no dia 12 de novembro. Na Praça São Pedro, Francisco manifestou solidariedade a todos os mexicanos pelos "momentos dolorosos" que vivem e denunciou a “dramática realidade" e "a criminalidade" no México.

Os 43 estudantes desapareceram na noite de 26 de setembro depois de disparos feitos por policiais municipais, quando morreram seis pessoas e 25 ficaram feridas.

Segundo a investigação oficial, os jovens foram detidos por policiais e entregues ao cartel Guerreiros Unidos, que os teria matado no município de Cocula, vizinho a Iguala. As famílias não acrediram nessa versão.

O chefe do gabinete da Presidência, Aurelio Nuño, reconheceu, entretanto, que o país precisa de "transformação profunda" na segurança e na justiça para acabar com o crime.

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Ontem, o governador de Guerrero, Rogelio Ortega, informou que o representante de Cocula, César Miguel Peñaloza, foi detido preventivamente pelo desaparecimento dos estudantes.

Cerca de 80 pessoas foram detidas, dos quais mais de dez policiais municipais em Cocula.

O caso gerou uma crise de credibilidade para o governo e teve impacto negativo na imagem do presidente Peña Nieto.

Agência Brasil
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