Moradores de Valparaíso vivem momentos de "inferno"

13 abr 2014 - 19h32

"O inferno passou por Valparaíso!", exclama a chilena Mónica Vergara, sentada na porta de sua casa, reduzida a escombros pelo enorme incêndio que destruiu cerca de 1.000 casas e matou ao menos 11 pessoas no Chile entre este sábado e domingo.

Uma densa camada de fumaça e chuva de cinzas caía sobre o porto de Valparaíso, um dia depois do início do incêndio, que levou medo e destruição à vida de milhares de pessoas que voltaram a seus lares para comprovar que haviam perdido tudo.

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O retorno não foi fácil. Depois de passar a noite em albergues ou barracas, os moradores tiveram que se esforçar para escalar as ruas íngremes das colinas atingidas pelo fogo.

Mariposa e La Cruz, dois dos morros mais pobres da Valparaíso, foram os mais afetados pelas chamas. Bombeiros, policiais e militares ainda trabalhavam, na manhã deste domingo, para resguardar a segurança das pessoas.

"O fogo veio do céu, entrou nas casas em questão de segundos, foi terrível. Houve explosões por toda a noite, botijões de gás, e sabe-se lá mais o que, tivemos muito medo", contou à AFP Claudia Valladares, moradora de Mariposas, que teve estragos menores em sua casa.

Em La Cruz, centenas de pessoas choravam na porta de seus lares, destruídos. "Perdi tudo, um bombeiro me salvou e a meus filhos, mas perdi tudo", afirmou à AFP Mónica Vergara, que havia voltado ao Chile da Espanha há apenas seis meses, devido à crise econômica na Europa.

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Ela e os filhos observavam o que restou de sua antiga residência: uma parede, parte do teto e alguns pedaços de metal ainda incandescentes. Os demais pertences viraram cinzas. "O que mais dói são as recordações, perdi tudo nesse inferno que passou por Valparaíso", destacou a mulher, de 47 anos.

Ao redor dali, diversas outras famílias vasculhavam os escombros, em meio a um forte cheiro de madeira queimada. O incêndio afetou ao menos seis das 44 colinas que fazem parte de Valparaíso, o porto chileno caracterizado por elevadores centenários, mirantes marcantes e construções antigas, que levaram a cidade a ser declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

O resto da população - são 270 mil habitantes - que não foi afetada se organizou para ajudar os mais de 10 mil em necessidade. Carros buzinavam para indicar os lugares que distribuíam comida, roupa e todo tipo de ajuda para quem estava desabrigado.

Além disso, dezenas de jovens, equipados com pás e ancinhos, subiam os morros para ajudar os moradores. "Isto não é solidariedade, é ajudar um compatriota, é evitar que o fogo siga atingindo nossa cidade", explicou Carlos, um dos voluntários.

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Equipes de bombeiros continuavam combatendo focos de incêndio, sob o risco de as altas temperaturas e os fortes ventos reanimarem o fogo.

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