Após mais de oito horas de espera no aeroporto de Viena, na Áustria, o presidente da Bolívia Evo Morales se perguntou nesta quarta-feira, visivelmente cansado, mas com bom humor, se havia sido sequestrado ou preso por forçar a aterrissagem de seu avião oficial.
Em entrevista à imprensa, o líder explicou que recebeu telefonemas de vários presidentes sul-americanos, como Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador) e Nicolás Maduro (Venezuela).
"Cristina me ligou duas vezes, com umas propostas legais, baseadas nos tratados internacionais, especialmente o de Haia", disse Morales. "Correa também me ligou duas vezes, muito preocupado. Ele está cogitando a retirada dos embaixadores dos países da Alba (dos países que fecharam o espaço aéreo para seu avião)", acrescentou.
"Também recebi um telefonema do presidente Maduro, preocupado, buscando temas legais para acabar com esta retenção ou sequestro, não sei o que é isto legalmente", assinalou Morales, quem se encontra na área VIP do aeroporto de Viena desde as 17h (de Brasília) de ontem.
Perguntado sobre o que vai acontecer nas próximas horas, o presidente boliviano disse: "estamos esperando a permissão. Seguramente a Espanha está conversando com seu amigo. Seu amigo deve ser os Estados Unidos".
Por outro lado, não considerou que a Europa em conjunto estivesse deixando à Bolívia a sós nesta situação. "Não acho que a Europa esteja nos abandonando. França e Portugal já suspenderam a proibição de sobrevoo, (enquanto) a Itália confirmou verbalmente. A Espanha, que primeiro nos deu a permissão, não só para sobrevoar, mas também para aterrissar, voltou atrás".
"Nunca em minha vida soube se alguma vez fecharam o espaço aéreo de um país para um presidente em um avião oficial", concluiu Morales, que deixou ontem Moscou rumo à Bolívia, mas a recusa da França de permitir a sua entrada em seu espaço aéreo o obrigou a aterrissar em Viena.
Portugal também suspendeu temporariamente a permissão de sobrevoo do avião boliviano, assim como a Itália.
Em La Paz, o governo da Bolívia denunciou que Morales "foi sequestrado pelo imperialismo e está retido na Europa". O vice-presidente boliviano e presidente interino, Álvaro García Linera, afirmou que "não pode haver impunidade com esta tentativa de colonialismo" e que Morales "não é nenhum delinquente".