O governo da Argentina reagiu às declarações do presidente do Uruguai, José Mujica, que disse na manhã desta quarta-feira que a colega Cristina Kirchner é “pior do que o vesgo”, em referência ao ex-presidente morto em 2010 Néstor Kirchner. Em carta enviada pelo ministro de Relações Exteriores, Héctor Timerman, à embaixada uruguaia em Buenos Aires, o governo expressa “profundo mal-estar” pelas palavras de Mujica.
“A República Argentina considera inaceitável que comentários que denigrem e ofendem a memória e a honra de uma pessoa falecida, que não pode responder nem se defender, tenham sido feitos, particularmente, por alguém a quem o Dr. Kirchner considerava seu amigo”, diz a carta.
No entanto, o ministro afirma que, por ordem de Cristina Kirchner, o governo não vai responder os comentários de Mujica sobre a colega presidente. “A chancelaria considera que as históricas relações que unem nossos países não devem ser afetadas por expressões que ofendem a quem representou ou representa a República Argentina”, diz o texto.
Sem saber que seu microfone estava ligado, Mujica cometeu uma gafe na manhã desta quinta-feira quando comentava sobre as relações do seu país com a Argentina. “Essa velha é pior que o vesgo”, disse, em referência à Cristina e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner. A declaração foi transmitida ao vivo pelo site da Presidência da República, de acordo com a imprensa uruguaia.
Mujica conversava com o prefeito sobre as relações entre o Uruguai e a Argentina e dizia que “para conseguir alguma coisa” do país de Cristina Kirchner, precisa falar com o Brasil primeiro. Neste momento, o microfone captou a polêmica declaração. O áudio completo, publicado pelo portal Subrayado, revela que Mujica também comentou, entre risos, sobre o presente que Cristina levou ao papa Francisco. “A um papa argentino que viveu 77 anos foi explicar o que é um mapa... digo, um mate, uma garrafa térmica.”
Rapidamente, a frase tomou conta das manchetes dos jornais uruguaios e argentinos. Mujica se apressou em tentar esclarecer o ocorrido. Em entrevista ao jornal La República, disse que estava falando sobre Lula e o Brasil. “Publicamente, nunca falei da Argentina”, afirmou. “Eu não vou dar bola e nem vou percorrer o mundo esclarecendo nada. Que inventem o que quiserem”, acusou.