No Uruguai, chanceleres do Mercosul discutem concessão de asilo a Snowden

De acordo com o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, a cúpula deve discutir o caso

11 jul 2013 - 21h12
(atualizado às 21h13)
O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, falou com a imprensa nesta quinta-feira
O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, falou com a imprensa nesta quinta-feira
Foto: Reuters

A cúpula do Mercosul que acontece nesta sexta-feira em Montevidéu, no Uruguai, deve tomar uma decisão positiva sobre a proposta da Venezuela de conceder asilo político ao ex-consultor da CIA Edward Snowden, responsável pela revelação de que os Estados Unidos espionam cidadãos de vários países. A afirmação é do ministro brasileiro das Relações Exteriores. Antonio Patriota participou, nesta quinta-feira, da reunião do Conselho Comum do Sul, que reúne os chanceleres dos países que formam o Mercosul.

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O objetivo inicial do encontro era que os chefes de Estado de Uruguai, Argentina, Brasil e Venezuela se reunissem para discutir temas econômicos, como a proposta do presidente uruguaio José Mujica de uma taxa comum de comércio com a China, e a revisão da regulação de comércio automotivo entre Brasil e Argentina. No entanto, a cúpula deve ser dominada pelos temas que dizem respeito à espionagem norte-americana e ao reingresso do Paraguai ao bloco.

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Patriota disse que a concessão de asilo político a Snowden está sendo debatida e pode resultar em uma decisão positiva sobre a proposta venezuelana de receber o americano. No entanto, o ministro não teceu comentários quanto às consequências que essa decisão poderia trazer à relação diplomática e comercial entre os países do Mercosul e os Estados Unidos.

Seguindo a querela das indisposições diplomáticas, o ministro deixou clara a indignação dos países membros quanto ao episódio envolvendo o presidente boliviano, Evo Morales, que teve que fazer um pouso de emergência na Áustria no retorno de uma viagem à Rússia porque alguns países europeus cancelaram a autorização para sobrevoo de seus espaços aéreos. Segundo Patriota, para o Mercosul, “isso representa um fato inusitado, sem precedentes e que afeta profundamente o direto dos chefes de Estado de circular livremente e, sem dúvida, é inaceitável”.

Entre os resultados dessa reunião, que incluía membros de Estados da América Central e do Caribe, esteve a abertura de um caminho para a integração com essas regiões, resultando na inclusão da Guiana e do Suriname como membros associados do bloco. E prometeu: “antes do fim desta década, nós teremos um espaço de livre comércio na América do Sul”.

Por outro lado, o “livre” parece estar bastante distante das políticas de importação e exportação entre Brasil e Argentina. Pois, foi anunciada para a tarde desta sexta-feira uma reunião bilateral entre as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner para discutir as medidas protecionistas da Argentina com relação ao setor automobilístico.

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Sobre a denúncia de espionagem por parte do governo dos Estados Unidos a alguns dos membros do bloco, Patriota disse que “de fato existe um consenso entre os chefes de Estado em repudiar tais atos”. O ministro afirmou ainda que a soberania desses países deve ser respeitada e que haverá a ativação de um sistema multilateral para reivindicar, junto aos órgãos internacionais correspondentes, a investigação dessas denúncias e, se confirmadas, a possível punição dessas práticas.

Já sobre o retorno do Paraguai ao bloco, Patriota disse que este tema ainda está sendo debatido, mas que as lideranças sinalizam para um retorno tranquilo do país ao Mercosul. O ministro disse que não há ainda um horizonte para a solução dos impasses entre Paraguai e Venezuela. “Ainda estamos debatendo a fórmula precisa”, disse.

Fonte: Terra
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