Número de mortos chega a 17 na Venezuela e oposição protesta contra violações

28 fev 2014 - 14h40
<p>Manifestantes sobem em um contêiner, usado como barricada em uma rua de San Cristóbal, capital do estado de Tachira, na Venezuela</p>
Manifestantes sobem em um contêiner, usado como barricada em uma rua de San Cristóbal, capital do estado de Tachira, na Venezuela
Foto: AFP

Estudantes, opositores e jornalistas denunciarão nesta sexta-feira as violações aos direitos humanos por parte das tropas antidistúrbios durante os protestos antichavistas que deixaram 17 mortos, segundo o último balanço do Ministério Público.

"Temos até o momento 17 mortos e 261 feridos", declarou aos jornalistas a procuradora-geral Luisa Ortega Diaz, acrescentando que o ministério público já abriu investigações em função dos 27 casos de violações aos direitos humanos registrados durante os protestos.

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O Ministério Público, sob nenhuma circunstância, vai permitir a violação dos direitos humanos, afirmou a procuradora. Ortega Díaz informou ainda que nesta quinta-feira morreu um rapaz que estava apenas limpando a rua e foi alvo de um disparo.

O Fórum Penal Venezuelano, que até quarta-feira havia documentado 33 casos de violações aos direitos fundamentais, convocou uma manifestação sob o lema "todos ao resgate de nossos direitos humanos", na qual prometeu que participarão algumas das vítimas de abusos policiais.

O presidente Nicolás Maduro, herdeiro político do líder da chamada Revolução Bolivariana, o falecido Hugo Chávez, nega que ocorram violações aos direitos humanos, mas um relatório do ministério público nesta semana admitiu que foram abertas 12 investigações a respeito.

Mais de dez policiais estão detidos, entre eles cinco agentes da inteligência acusados pelo assassinato em 12 de fevereiro de um estudante e de um simpatizante do governo, as primeiras mortes dos protestos, que a partir desse dia se intensificaram.

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E nesta sexta-feira, o líder da oposição da Venezuela, Henrique Capriles, declarou que a situação não irá se acalmar no país, enquanto o governo de Nicolas Maduro não mudar de atitude e deixar a repressão aos manifestantes, mobilizados desde o início de fevereiro.

"O governo fala de paz, mas horas depois volta a ter a mesma atitude de repressão. É impossível apagar o fogo com gasolina", disse Capriles, governador de Miranda e ex-candidato presidencial, em entrevista à rádio colombiana RCN.

Na concentração desta sexta, participará o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, que denuncia cerca de 70 casos de hostilidade, ameaças, prisão injustificada ou roubo de equipamento de jornalistas venezuelanos e estrangeiros.

Na quinta, milhares de pessoas foram dispersadas pela polícia no leste de Caracas, durante uma manifestação contra a repressão do governo aos protestos na Venezuela, enquanto os "chavistas" se reuniam em outro ponto da capital para recordar os 25 anos da revolta popular conhecida como "Caracaço".

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Segundo números oficiais, 300 pessoas morreram durante o Caracaço, mas investigadores independentes apontam cerca de 2 mil falecidos nos distúrbios ocorridos entre 27 de fevereiro e 8 de março de 1989 contra um pacote econômico adotado pelo então presidente, o social-democrata Carlos Andrés Pérez.

Há três semanas, a Venezuela é sacudida por uma onda de protestos, iniciados no dia 4 de fevereiro, em San Cristóbal, estado de Táchira, após uma tentativa de assalto e estupro contra uma estudante.

As manifestações e sua repressão já deixaram 14 mortos, 140 feridos e 600 detidos, em todo o país. O presidente Nicolás Maduro afirma que os protestos são um "golpe de Estado em andamento" e determinou a prisão de Leopoldo López, líder do partido opositor Vontade Popular, acusado de promover a violência.

Na quinta-feira, a Justiça venezuelana emitiu uma ordem de prisão contra outro líder da Vontade Popular, Carlos Vecchio, por incitar à violência.

Vecchio, coordenador político nacional da Vontade Popular, é procurado pela Direção Geral de Contra Inteligência Militar (DGCIM) por suspeita de "incêndio intencional, instigação pública, danos e associação ilícita".

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Leopoldo López, integrante da ala radical da Mesa da Unidade Democrática (MUD), se entregou à Justiça no dia 18 de fevereiro, durante um enorme protesto no centro de Caracas, e desde então está na prisão militar de Ramo Verde, no subúrbio da capital.

Exigindo a saída de Nicolás Maduro, López convocou o protesto estudantil de 12 de fevereiro, quando manifestantes enfrentaram grupos armados ilegais e as forças da ordem, em incidentes que deixaram dois mortos, dezenas de feridos e vários detidos.

Os Estados Unidos denunciaram o governo Maduro por "continuar agindo para impedir a liberdade de expressão e restringir a liberdade de imprensa".

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reagiu afirmando que "falta um mínimo de seriedade na posição do governo dos Estados Unidos em relação à Venezuela".

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