O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, receberá nesta segunda-feira a presidente do Chile, Michelle Bachelet, para discutir a cooperação energética e educacional e o Acordo de Associação Transpacífico (TPP).
Acompanhado pelo vice-presidente, Joe Biden, Obama se reunirá pela manhã com Bachelet, que já foi recebida por ele na Casa Branca durante o primeiro mandato da governante chilena, em 2009.
"A visita ressaltará nossa relação próxima com o Chile e nossa forte aliança com a administração de Bachelet para impulsionar a paz e a segurança globais, a inclusão social e o livre-comércio", disse a Casa Branca.
Com a instabilidade em países como Iraque, Síria e Ucrânia, o governo de Obama não esquece que o Chile é um membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU até dezembro de 2015 e espera-se que os EUA procurem apoio para futuras resoluções sobre os conflitos nestas três países.
Obama "quer consultar Bachelet sobre assuntos do Conselho de Segurança Nacional, outros assuntos multilaterais e regionais e as negociações do TPP, além de como expandir o intercâmbio educacional e aprofundar a colaboração nas áreas de energia, ciência e tecnologia", explicou a Casa Branca.
A visita de Bachelet ocorre após a presidente completar seus primeiros cem dias de governo e é a segunda que Obama mantém em um ano com um chefe de governo chileno, após o encontro de junho de 2013 com o então presidente Sebastián Piñera.
O Chile é considerado em Washington um dos aliados mais fortes dos EUA na América Latina, e essa relação ganha especial importância diante dos esforços do governo de Obama para fechar antes de novembro as negociações do TPP.
O TPP é um acordo de livre-comércio assinado em 2005 pelo Chile, Brunei, Nova Zelândia e Cingapura, e ao qual agora mais oito países querem se incorporar: Austrália, Canadá, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Peru e Vietnã.
Enquanto Obama quer dar urgência as negociações para tentar aprovar um pacto antes das eleições legislativas de novembro nos EUA, o governo de Bachelet olhou até agora com certa distância para acordo, colocando em dúvida seus benefícios para o país.
"O Chile já tem tratado de livre-comércio separadamente com todos os governos que estão nas negociações do TPP, portanto quer se assegurar de que não perderá nada ao entrar no mega acordo", disse à Agência Efe o presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, Michael Shifter.
"As questões de propriedade intelectual estarão na agenda, mas é pouco provável que as diferenças entre os dois governos se solucionem neste encontro", acrescentou.
Espera-se que o ministro da Energia do Chile, Máximo Pacheco, assine um acordo no setor com as autoridades americanas, apesar de não estar previsto a possibilidade de os Estados Unidos exportarem gás natural liquidificado ao Chile, algo que Piñera solicitou no passado.
"O gás natural liquidificado tem o potencial de ser o próximo grande passo na relação bilateral", afirmou o diretor para as Américas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), Carl Meacham.
"Mas a realização desse potencial pode estar a alguns anos de distância", ponderou Meacham ao lembrar que não se espera que os EUA comecem a exportar esse tipo de gás até 2016.
A administração de Bachelet fez da agenda energética uma de suas prioridades, para reduzir a forte dependência de um país que importa ao redor de 70% da energia que consome.
Os dois presidentes também falarão sobre cooperação em educação. Obama está interessado em aumentar o intercâmbio com a região, enquanto Bachelet quer "ampliar o acesso aos centros acadêmicos dos EUA", disse Shifter.