Centenas de opositores em Caracas e várias cidades da Venezuela bloquearam ruas e avenidas em protesto à convocação do presidente do país, Nicolás Maduro, de uma Assembleia Nacional Constituinte para transformar o Estado venezuelano e reformular o ordenamento jurídico.
A iniciativa impulsionada pela aliança Mesa da Unidade Democrática (MUD) para fechar as principais vias de circulação do país foi colocada em prática em dezenas de pontos da capital venezuelana e do interior.
O protesto, que se soma a mais de um mês de manifestações opositoras, foi convocado em rejeição ao anúncio de Maduro de uma Assembleia Nacional Constituinte como o único meio, a seu julgamento, de alcançar a paz no país.
Os opositores levam cartazes pedindo a renúncia do presidente chavista, o acusam de ditador, e de violar a Constituição criada há 16 anos por iniciativa de seu antecessor, Hugo Chávez, em um processo similar.
A iniciativa de Maduro foi qualificada pelos líderes da oposição como um novo "golpe de estado", e uma estratégia para retardar as eleições presidenciais, que estão previstas constitucionalmente para 2018, mas que os opositores tentam fazer com que sejam realizadas este ano.
O chefe do Parlamento, o opositor Julho Borges, assegurou hoje que a convocação de uma Assembleia Constituinte representa o "aniquilamento" da democracia do país e insistiu na rebelião popular para evitá-la.
"Se todos não derem tudo, corremos o risco de que ocorra o que o mundo inteiro está lutado, junto conosco, para evitar, que é o aniquilamento da democracia", disse Borges em uma entrevista com a emissora local "Éxito".
O processo prevê a eleição de 500 representantes da comunidade, através de votação popular, para formar um corpo legislativo que se encarregará de redigir ou modificar a nova Constituição.
Esta transformação pode culminar na refundação de todos os poderes públicos, inclusive os de eleição popular.