Por falta de papel, jornal venezuelano diminui n° de páginas

Mais de 10 publicações já fecharam ou se limitaram às edições digitais por causa da negação de divisas que viabilizam a importação de papel

5 mai 2014 - 14h27
(atualizado às 14h42)
<p>Jornalistas e funcionários de jornais venezuelanos protestam em frente à agência estatal que regula a compra de dólares americanos, CADIVI, em Caracas, em 28 de janeiro</p>
Jornalistas e funcionários de jornais venezuelanos protestam em frente à agência estatal que regula a compra de dólares americanos, CADIVI, em Caracas, em 28 de janeiro
Foto: AP

O jornal El Universal, um dos mais tradicionais da Venezuela, voltou a reduzir, nesta segunda-feira, o número de páginas. A redução é feita em consequência da falta de papel, provocada por um atraso nos trâmites de importação pelo governo, afirma a publicação.

"O curioso atraso na Autorização de Aquisição de Divisas (responsabilidade do Centro Nacional de Comércio Exterior) não permitiu nacionalizar um carregamento de papel jornal de propriedade do El Universal que se encontra desde janeiro no porto de La Guaira", denunciou o jornal, que reduziu a edição desta segunda-feira para 16 páginas.

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Em um país com rígido controle cambial desde 2003, o governo do presidente Nicolás Maduro praticamente bloqueou no último ano a entrega de divisas para importações consideradas "não prioritárias" e inclusive atrasou as de produtos básicos, o que gerou um forte desabastecimento.

Por falta de papel, mais de 10 jornais da Venezuela fecharam as portas, se limitaram às edições digitais ou reduziram o número de páginas.

As denúncias são intensas nos casos de jornais considerados de linha crítica ao governo.

A Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo do mundo e que fatura quase 100 bilhões de dólares por ano com exportações de petróleo, tem dívidas de importação e com empresas de serviços de quase 13 bilhões de dólares.

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Isto tem provocado a falta de alimentos básicos, como açúcar ou óleo e produtos de limpeza e higiene pessoal, mas também de insumos industriais, de artigos de luxo e a restrição na oferta de passagens nas linhas aéreas, que reclamam dívidas de 3,9 bilhões de dólares.

No mês passado, três importantes jornais (El Nacional e El Nuevo País de Caracas, além do El Impulso de Barquisimeto) receberam um empréstimo de 52 toneladas de papel enviados pela Associação Colombiana de Editores de Jornais e Meios Informativos (Andiarios).

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) já denunciou algumas vezes as atitudes do governo venezuelano, que para a organização constituem um ataque à liberdade de imprensa, a última vez em 25 de abril em um duro comunicado assinado por Claudio Paolillo, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa.

O governo continua apostando "no fechamento dos jornais, por meio da sutil medida de negar as divisas para que assim não possam importar papel e outros insumos que não são produzidos na Venezuela", denunciou Paolillo.

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