O novo prefeito do município de Iguala, Luis Mazón, pediu nesta quarta-feira ao Congresso do estado de Guerrero, no México, para deixar seu cargo, poucas horas depois de ter sido designado em meio à crise política vinculada ao desaparecimento de 43 estudantes na cidade há mais de um mês.
Segundo a imprensa local, Mazón compareceu ao Congresso estadual acompanhado por seu irmão Lázaro, que até duas semanas atrás era secretário de Saúde do governo estadual de Ángel Aguirre, que renunciou na semana passada pressionado pelo mal-estar social gerado pelo desaparecimento dos estudantes.
Lázaro Mazón é considerado o padrinho político do ex-prefeito de Iguala, José Luis Abarca, que se encontra em paradeiro desconhecido e é acusado pelas autoridades de ser o autor intelectual do desaparecimento dos estudantes.
Professores atacam casa de governador
Dezenas de professores atacaram nesta quarta-feira a residência oficial do novo governador de Guerrero, Rogelio Ortega, ao término de uma manifestação para pedir sua renúncia e o retorno com vida dos 43 estudantes desaparecidos há um mês, testemunhou a Agência EFE.
Cerca de 70 integrantes da Coordenadora Estatal de Trabalhadores da Educação em Guerrero (Ceteg) encapuzados e com paus e pedras na mão tentaram derrubar uma das portas da residência, localizada em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero.
As forças de segurança responderam com tiros e pedras, o que enfureceu os professores, que utilizaram um poste de madeira para derrubar a porta e incendiaram um veículo oficial.
Outros 500 agentes anti-distúrbios foram destacados para reforçar a segurança da residência, o que dissuadiu o grupo de manifestantes.
O incidente aconteceu no final de uma manifestação que contou com cerca de mil professores da Ceteg, um sindicato que protagonizou vários protestos contra a reforma educional promovida pelo presidente Enrique Peña Nieto e agora pelo desaparecimento dos estudantes.
Os professores exigem a renúncia de Ortega, que no domingo passado foi eleito pelo Congresso de Guerrero como governador interino em substituição a Ángel Aguirre, porque não foi eleito pelo povo, e reivindicam informações sobre a localização dos 43 estudantes desaparecidos.
Aguirre, do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), renunciou na quinta-feira passada pressionado pelo mal-estar social gerado pelos incidentes violentos de 26 de setembro em Iguala.
Nesta noite os policiais atacaram a tiros estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa supostamente por ordens do então prefeito de Iguala, José Luis Abarca, causando a morte de seis pessoas e feriu outras 25.
Além disso, de acordo com a investigação, os policiais detiveram 43 estudantes e os entregaram ao cartel Guerreros Unidos, cujo líder, Sidronio Casarrubias, ordenou seu desaparecimento achando que se tratavam de membros dos Vermelhos, uma quadrilha rival.
Até agora, não se sabe os reais motivos que levaram Luis Mazón a deixar o cargo.