O procurador dominicano Jean Alain Rodríguez confirmou nesta segunda-feira a acusação de 14 pessoas, entre elas um ministro e três parlamentares, por suposto envolvimento nos subornos da construtora Odebrecht no país.
Segundo ele, dez acusados já foram detidos. Dos três parlamentares, dois são do Partido da Liberdade Dominicana (PLD), e tiveram solicitada a retirada de suas imunidades parlamentares. Outro envolvido, o engenheiro Bernardo Castellanos de Moya, está no Panamá e a Procuradoria notificou à Interpol para a sua detenção.
Estas são as primeiras prisões no país por causa das propinas que a Odebrecht diz ter pagado para conseguir contratos de obras de infraestrutura entre 2001 e 2014.
O procurador antecipou que o Ministério Público pedirá 18 meses de prisão preventiva dos envolvidos. "São os juízes agora que vão decidir se eles ficam ou não em liberdade", afirmou.
Parte dos processos irá para a Suprema Corte de Justiça, segundo Rodríguez, porque alguns dos acusados são parlamentares.
Entre os detidos está o ministro da Indústria e Comércio, Temístocles Montas, o ex-presidente do Senado e atual líder do Partido Revolucionário Moderno, Andrés Bautista, o ex-ministro de Obras Públicas Víctor Díaz Rúa e o ex-deputado Ruddy González.
Outro preso é o empresário e representante comercial da Odebrecht no país, Ángel Rondón, responsável por revelar que o gerente-geral da construtora brasileira na República Dominicana, Marcelo Hofke, foi quem recebeu e distribuiu os US$ 92 milhões pagos em propina.
Também fazem parte da lista os senadores Julio César Valentín e Tommy Galán, o deputado Alfredo Pacheco, os ex-vice-presidentes da Corporação Dominicana de Empresas Elétricas Estatais Radhamé Segura e César Sánchez, e o ex-senador e ex-diretor do Instituto Nacional de Águas Potáveis Roberto Rodríguez.
"Cada uma dessas pessoas está sendo submetida à Justiça com casos sólidos e bem instrumentados por terem cometido, em maior ou menor gravidade, delitos como recebimento de propina, associação criminosa, prevaricação, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro", afirmou o procurador em entrevista coletiva.
Rodríguez destacou que o caso representa um marco devido aos valores envolvidos e os cargos ocupados pelos acusados.
"O modus operandi não foi o mesmo em todos os casos, nem todos eles participaram dos mesmos fatos. Cada caso de suborno e corrupção tem as suas particularidades", explicou.
O procurador ainda destacou que 20 especialistas de diversas áreas do país estão trabalhando em colaboração com a Justiça do Brasil e dos Estados Unidos nas investigações.