Um promotor da Argentina disse nesta sexta-feira que dará prosseguimento à investigação do seu colega Alberto Nisman, que foi encontrado morto no mês passado depois de ter acusado a presidente argentina, Cristina Kirchner, pelo suposto acobertamento ligado ao trágico atentado antissemita há duas décadas.
O promotor Gerardo Pollicita será responsável por encaminhar a denúncia iniciada por Nisman na qual alega a existência de um complô oficial do governo que, além da presidente, implica seu chanceler e outras autoridades.
"Corresponderá iniciar a investigação pertinente para verificar, com base nos elementos de convicção que serão incorporados", disse Pollicita em comunicado oficial.
O governo disse que a denúncia de Nisman é absurda e alguns especialistas a consideram fraca por não ter evidências concretas.
"Em princípio, estão envolvidos na denúncia que deu início ao processo a senhora Cristina Fernández de Kirchner - presidente da nação -, os senhores Héctor Marcos Timerman –ministro das Relações Exteriores da nação", entre outros.
Nisman foi encontrado morto em 18 de janeiro em seu apartamento, ao lado de uma arma de fogo, num episódio que chocou a sociedade argentina e a classe política.
Embora a hipótese mais forte seja de que possa ter sido um suicídio, não está descartada a possibilidade de um suicídio instigado ou um homicídio, em meio a uma trama obscura que envolve os serviços de inteligência do país.
Nisman estava há mais de uma década à frente da investigação do atentado contra uma associação judaica Amia, em Buenos Aires, que deixou 85 mortos.
(Reportagem de Walter Bianchi e Maximiliano Rizzi)