O presidente russo, Vladimir Putin, se encontrou com o ex-líder cubano Fidel Castro e o atual presidente, Raúl Castro, na tarde da última sexta-feira, início de uma viagem de seis dias pela América Latina durante a qual a Rússia busca reafirmar sua influência na ilha comunista.
A viagem do mandatário russo à região acontece no momento em que ele sofre pressão do Ocidente para ajudar a conter os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e exortar os rebeldes ucranianos a encontrar uma solução negociada.
Putin também irá visitar a Argentina, onde deve chegar nas próximas horas, e o Brasil para reuniões bilaterais e participar da cúpula dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, em Fortaleza, na quarta e quinta-feira.
Em sua primeira parada em Cuba, aliado da ex-União Soviética na Guerra Fria, Putin e Raúl depositaram uma coroa de flores em um monumento a soldados soviéticos em Havana e outra no monumento ao herói nacional cubano José Martí.
As duas delegações usavam ternos escuros, vestimenta atípica na tropical Cuba, onde a tradicional camisa "guayabera" é considerada formal.
“Temos que mudar o protocolo", disse Raúl a Putin. “Não usamos gravata neste país, só guayaberas e chapéus, shorts e sandálias”.
“Este país não é para trabalhar, muito menos para guerrear. É um país para descansar. O que você acha?”
Mais tarde, Putin se reuniu com Fidel Castro, de 87 anos, que renunciou por razões de saúde em favor do seu irmão em 2008 após 49 anos no poder. Não foram revelados detalhes do encontro.
Putin também foi promover os laços comerciais russos com Cuba, mercado vedado a empresas dos Estados Unidos por causa do embargo econômico de 52 anos de Washington.
As estatais russas de petróleo Rosneft e Zarubezhneft irão finalizar um acordo para explorar o produto na costa, um de vários acordos comerciais que se espera serem assinados nesta sexta-feira.
"Vamos dar apoio aos nossos amigos cubanos para superar o bloqueio ilegal de Cuba", disse Putin.
O presidente da Rosneft, Igor Sechin, aliado próximo de Putin, viaja com a delegação russa. Ele é um dos executivos russos que os EUA miraram com sanções econômicas por conta da crise ucraniana.
Os EUA colocaram em uma lista negra vários indivíduos que se acredita serem parte do círculo íntimo de Putin, e Sechin é uma das pessoas mais influentes da Rússia depois do presidente.
Na semana passada, a Câmara Alta do Parlamento russo aprovou um acordo do ano passado para cancelar 90 por cento dos 35,2 bilhões de dólares da dívida cubana em empréstimos concedidos pela União Soviética.
Putin disse que os 10 por cento remanescentes serão gastos em projetos de investimentos conjuntos na ilha.